Título: Jobim: Anac tem que transmitir segurança
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 11/08/2007, O País, p. 8
Ministro da Defesa diz que é necessário analisar a necessidade de os diretores da agência terem mandato fixo.
BRASÍLIA. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) enfrenta dificuldades operacionais. Para Jobim, as agências reguladoras, como a Anac, têm de transmitir segurança à população. Ele disse que é preciso discutir a regulação das agências sem emoções e "com base na realidade"
- É uma questão operacional. Temos uma visão de que a agência hoje, nacionalmente, tem problemas na percepção de suas ações. E quero exatamente lembrar que precisamos ter agências que transmitam segurança ao país. O sentido das agências é transmitir segurança de suas decisões.
Jobim, que ontem foi condecorado com a medalha da Ordem do Mérito Militar, anunciou que o cronograma de obras na pista principal de Guarulhos poderá ser novamente modificado. As obras definitivas começarão em setembro (nas cabeceiras). Mas o fechamento da pista, previsto para janeiro, pode ter a data mudada. Isso porque parlamentares argumentaram que janeiro é mês de férias, e o fechamento completo causaria transtornos. A Infraero também detectou esse problema, e o novo presidente, Sergio Gaudenzi, diz que a ordem é agilizar as obras.
- Poderemos fazer esse cronograma antes. Mandei examinar - disse Jobim.
Para o ministro, as agências são importantes em vários setores da economia, mas é preciso analisar qual o papel do modelo no setor da aviação civil, e mesmo a necessidade de haver mandatos fixos para diretores em todas elas. Na próxima semana, Jobim se reúne com a diretoria da Anac para discutir como a agência atuará dentro do novo modelo de gestão do ministério, que fortaleceu o Conselho de Aviação Civil (Conac).
Apesar de o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil, Milton Zuanazzi, ter dito anteontem ao GLOBO que será necessário abrir consulta pública - instalada em 15 dias e com duração de 30 dias - para discutir o aumento do espaço entre as poltronas dos aviões brasileiros, Jobim voltou a exigir uma decisão imediata.
- Quero uma definição imediata. Temos legislação a ser votada e instrumentos legislativos para acelerar essas coisas - disse Jobim, num claro descontentamento com a posição da Anac.
O ministro também cobrou um posicionamento diferente das empresas aéreas:
- Espero que as empresas tenham a lucidez e a nacionalidade no sentido de atender, efetivamente, a uma reivindicação que é dos usuários. As empresas foram feitas para servir aos usuários, e não para os usuários servirem às empresas.
O ministro negou que sua reclamação sobre as poltronas seja um desconforto apenas pessoal. Esta semana, Jobim se queixou que, com 1,90m de altura, tinha dificuldade de se acomodar nos aviões brasileiros:
- Não é um problema só de um homem de 1,90. É também de homens e mulheres.
Em discurso após ser condecorado, Jobim ainda criticou o fato de as companhias brasileiras não usarem aviões da Embraer. Para ele , isso ocorre devido à ausência de estímulo à aviação regional. Recentemente, a BRA anunciou a compra de aviões da empresa brasileira.