Título: Desmatamento na Amazônia caiu 25,3%, mas ainda preocupa
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 11/08/2007, O País, p. 18

Área desmatada só aumentou em dois estados da região.

BRASÍLIA. O ritmo de desmatamento na Amazônia Legal caiu 25,3% entre agosto de 2005 e julho de 2006, em relação ao período imediatamente anterior, de agosto de 2004 a julho de 2005. É o que anunciaram ontem as ministras Dilma Rousseff (Casa Civil) e Marina Silva (Meio Ambiente), confirmando, dentro da margem de erro, previsão divulgada no ano passado. Elas apresentaram estimativa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que aponta nova redução de 31% nos últimos 12 meses (agosto de 2006 a julho de 2007).

Caso a estimativa se confirme, a área destruída no período 2006-2007 - 9.600 quilômetros quadrados, com margem de erro de 10% - será a menor desde 1988, quando o desflorestamento passou a ser monitorado. A estimativa é feita através do Deter, sistema menos preciso, cujas imagens de satélite não captam o desmatamento em áreas menores de 50 hectares. Já as taxas consolidadas são calculadas pelo Prodes, sistema com imagens mais detalhadas.

A redução de 25,3% no ritmo de desflorestamento no período 2005-2006 foi calculada pelo Prodes e significa que desapareceram 14.039 quilômetros quadrados de floresta (mais do que os 13.100 quilômetros quadrados estimados no ano passado), o equivalente a pouco mais da metade do território de Alagoas. Foi a segunda queda consecutiva. No período anterior (2004-2005), haviam sido destruídos 18.793 quilômetros quadrados. Em 2003-2004, a devastação atingiu 27.429 quilômetros quadrados. O recorde foi em 1994-1995, quando a maior floresta tropical do planeta perdeu 29.059 quilômetros quadrados.

Dilma disse que o resultado mostra que é possível conciliar desenvolvimento com preservação ambiental e que é preciso intensificar ações do governo:

- Não vamos baixar a guarda. Diminuir, quando já se está reduzindo, é mais difícil. Queremos desmatamento ilegal zero - disse Marina Silva.

O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, José Capobianco, disse que a redução dos índices de desmatamento na Amazônia evitou a emissão de 410 milhões de toneladas de gás carbônico, quase 10% do que os países desenvolvidos deverão diminuir em emissão de CO2, caso cumpram as metas do Protocolo de Kyoto para o período 2008-2012.

Ambientalistas dizem que índices ainda são alarmantes

Dos nove estados da Amazônia Legal, a área desmatada só cresceu no Amazonas (3,72%) e em Roraima (73,68%). O estado que concentrou o maior desmatamento foi o Pará, com 5.505 quilômetros quadrados de floresta devastados, mas, ainda assim, houve redução de 4,48% em relação ao ano anterior. O desmatamento em assentamentos da reforma agrária caiu de 4.406 quilômetros quadrados para 2.054 quilômetros quadrados.

O Greenpeace divulgou nota comemorando a redução do ritmo de devastação, mas alertou para alguns problemas: "O preço da soja voltou a subir, o preço da carne aumentou, grandes áreas da Amazônia já estão isentas de febre aftosa e o anunciado boom dos agrocombustíveis começa a fazer pressão sobre as terras disponíveis na região".

O WWF considerou que, apesar das quedas, os índices do governo Lula são alarmantes. "No primeiro mandato, foram desmatados 85 mil quilômetros quadrados. Comparado aos governos anteriores, esse número ainda é recorde", diz o WWF.

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