Título: Rodovias do Rio têm a menor verba
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 13/08/2007, O País, p. 3

União investiu só R$4.200 por quilômetro nas estradas federais.

Uma discrepância atravessa as estradas do país e leva o Rio de Janeiro a ter o lugar de lanterna nos investimentos nacionais na área de transportes. Com 1.130 quilômetros de extensão de rodovias não-concedidas e administradas pelo governo federal - mais do que São Paulo e Espírito Santo -, o Rio é o último estado no ranking de beneficiados com verbas pelo Ministério dos Transportes, apesar de o governo prever recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No total, o Rio recebeu, em 2006, R$4,8 milhões, o que equivale a R$4.200 por quilômetro - apenas 2,5% do total repassado ao Acre.

São Paulo, com 915 quilômetros de estradas, aparece no ranking em sexto lugar, ao receber um total de R$33,4 milhões, ou R$36.500 por quilômetro. O estado que mais recebeu verbas no ano passado foi o Acre: R$80,6 milhões para 458 quilômetros de estrada. O penúltimo é o Ceará, que foi beneficiado, em 2006, com R$9,1 milhões para os 2.152 quilômetros de estradas.

- Esses dados mostram que, em princípio, temos um crédito político em relação aos outros estados. Há anos que o Rio tem governos que são antagonistas do governo central. Isso, infelizmente, no Brasil tem um efeito desastroso. A culpa é de o Rio ter elegido governadores que brigam com o governo federal - avalia o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), João Lagoeiro Barbará, que ainda teme pelo futuro da relação entre o Rio de Janeiro e o governo federal.

Para ele, a vaia "prejudicou um pouco o humor do presidente Lula em relação ao Rio de Janeiro".

- Tomara que isso não mude em nada a relação entre ele e o governador Sérgio Cabral - completou.

A avaliação dos números, elaborados pela Firjan, com base em informações da ONG Contas Abertas, também mostra mais desvantagens para o Estado do Rio. Da dotação orçamentária autorizada pelo governo federal no orçamento de 2006 (R$ 98,8 milhões), apenas 5% (R$10,9 milhões) do total foram efetivamente pagos.

O estado que teve o maior percentual de recursos pagos em relação à reserva inicial foi o de Minas Gerais. Do total de R$1,3 milhão, 62% (R$769.300) foram repassados aos cofres mineiros.

- Tem um ponto que todas as tabelas mostram: o Rio de Janeiro precisa, desesperadamente, do anel rodoviário metropolitano. O projeto é da maior importância. O que não pode haver é contingenciamento. A questão é que, mesmo com convênio assinado, na hora de liberar recurso, o dinheiro não sai. É contingenciado pelo ministério - explica o vice-presidente da Firjan.

O Ministério dos Transportes, no entanto, apresenta dados mais gerais para afirmar que há um empenho do governo federal em investir em transportes no estado. De 2005 para 2007, a dotação inicial de toda a infra-estrutura de transportes no Rio teria passado de R$168 milhões para R$207 milhões. Os recursos seriam referentes a gastos e investimentos em rodovias, ferrovias e portos. Em 2005, do valor total previsto inicialmente, foram efetivamente pagos R$53 milhões, segundo informou o Ministério dos Transportes. Já em relação a 2007, até julho, o gasto foi de R$8 milhões. Em 2006, a dotação inicial foi de R$171 milhões - dos quais R$60 milhões foram pagos.

De acordo com o Ministério dos Transportes, a partir de 2004, o orçamento total para infra-estrutura de transporte no país aumentou de R$4,4 bilhões para cerca de R$10 bilhões, em 2007.