Título: MP investiga condições de trabalho
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 13/08/2007, O País, p. 8

Funcionários de empresas aéreas denunciam terceirização e pressão.

Investigações do Ministério Público do Trabalho detectaram graves problemas nas condições de trabalho de funcionários de empresas de aviação civil: funcionários que atuam no check-in são terceirizados e sofrem pressões de superiores; pilotos e comissários voam mais tempo do que deveriam; e há gente sem especialização atuando em áreas que podem gerar riscos.

O avião da Gol, que se chocou com um jato Legacy no final 2006, e a explosão do Airbus da TAM, no mês passado, trouxeram à tona os problemas. Tanto que das 131 denúncias que o MP investiga, 62 chegaram nos últimos 12 meses. Das denúncias, 28 envolvem a Varig, 26 casos são contra a TAM, 22 contra a Vasp e 11 contra a Gol.

Na sexta-feira, procuradores se reuniram, em Brasília, com representantes dos sindicatos de aeronautas (pilotos e comissárias) e aeroviários (funcionários de terra). Bruno Luna, despachante técnico da Gol e diretor do Sindicato dos Aeroviários, revelou que há até trabalhador terceirizado, contratado de empresa de conservação, que atua na tarefa de taxiar o avião após o pouso.

- Esse trabalho deveria ser feito por mecânico. Se a condução do avião for mal feita, pode até provocar choque da asa, onde fica o combustível, com o finger (túnel por onde os passageiros acessam o avião) - disse Luna.

Marcos Reina, do Sindicato Nacional dos Aeronautas, disse que as empresas obrigam a tripulação a voar mais do que prevê a lei. Ele afirmou que comandante e comissários, pela lei, têm que realizar, no máximo, cinco pousos por vôo.

- A tripulação sempre voa mais e é obrigada a terminar o vôo, mesmo tendo feito várias escalas e os cinco pousos.