Título: Presidente da Anac irrita Jobim
Autor: Éboli, Evandro e Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 14/08/2007, O País, p. 4

Zuanazzi minimizou reclamação de ministro sobre poltronas em aviões.

BRASÍLIA. O espaço entre as poltronas em aviões expôs ontem os desentendimentos entre o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi. Na semana passada, Jobim, que tem 1,90 m de altura, reclamou do desconforto das poltronas. Ontem, Zuanazzi minimizou o descontentamento dos passageiros com a distância entre as cadeiras. Segundo ele, estudos técnicos da agência comprovaram que apenas cerca de 5% dos passageiros reclamam da distância entre as poltronas.

- O estudo levou em conta o porte dos brasileiros, e 5% não estão confortáveis em nossas aeronaves - disse Zuanazzi, acrescentando que adaptações serão feitas, mas que terão conseqüências econômicas.

Jobim reagiu com irritação ao ser informado das declarações de Zuanazzi:

- Não sei o que ele disse ou deixou de dizer, isso não importa. O que importa é saber o seguinte: temos um desconforto verificado por toda a população, pelos altos e baixos. Não podemos pensar em redução de preços em cima do conforto e da segurança dos usuários. Se o raciocínio for esse, vamos viajar de pé.

O ministro também não concordou com a explicação das empresas que ontem vincularam o aumento do espaço interno entre as poltronas à elevação do preço da passagem:

- As empresas disseram que tudo está vinculado a uma composição de preços. E eu disse que uma composição de preços não pode ocorrer em detrimento do usuário. Vamos conversar sobre o assunto.

Jobim reiterou às empresas a reclamação de que tem "dificuldade extrema" de se acomodar nas aeronaves brasileiras devido à sua altura e cobrou uma solução imediata:

- Disse a eles que aquele espaço oferecido era um espaço antivital, com uma situação de desconforto absoluto.

Para mostrar que o desconforto com o espaço não é um problema só dele, Jobim lembrou que conversou ontem com o ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ouviu do magistrado, de 1,60m, que ele não pôde usar seu computador a bordo de um avião por falta de espaço.