Título: Presidente da Infraero não descarta privatização
Autor: Éboli, Evandro e Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 14/08/2007, O País, p. 4

Gaudenzi diz não saber, porém, se empresas privadas se interessariam por aeroportos que são deficitários.

BRASÍLIA. Em audiência no Senado, o novo presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, disse ontem "não ter preconceito" com a proposta de transferir parte do controle dos aeroportos para a iniciativa privada. Ele afirmou que o problema é que os empresários terão interesse apenas em atuar em parceria com aeroportos que dão lucro.

- Dos 67 aeroportos sob a responsabilidade da Infraero, apenas dez são superavitários. Será que a iniciativa privada terá interesse nos outros 57? - perguntou Gaudenzi.

Aeronáutica afasta 14 controladores de vôo

Ontem, insatisfeito com a decisão do Ministério Público Militar de pedir abertura de processo contra apenas cinco dos controladores de vôo que comandaram o apagão aéreo de março deste ano, o Comando da Aeronáutica decidiu ontem aumentar a lista de punidos. A FAB afastou 11 militares das funções de controle de tráfego aéreo. Fazem parte dessa lista dois que foram denunciados pelo Ministério Público Militar e outros nove de um grupo de 14 que tinha sido retirado do controle de aviação civil em junho.

Agora, eles foram transferidos para a Base Aérea, o Departamento de Ensino (Depens), o Comando Geral do Ar (Comgar), o Sexto Comando Aéreo Regional (VI Comar) e a Terceira Força Aérea (3ª FAE). Também foi baixada uma norma com uma série de ordens sobre o tratamento dos sargentos nas novas unidades.

Além de serem vigiados, eles estão proibidos de usar a internet e são obrigados a se apresentar a um oficial superior quando chegam e quando deixam o serviço. A Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (Abcta) deverá entrar com mandado de segurança ainda esta semana, alegando cerceamento da liberdade de ir e vir dos punidos.

O presidente da Abcta, Wellington Rodrigues, foi transferido para o Depens. O diretor de Mobilização da entidade, Edleuso Cavalcante, para a 3ª FAE; e o vice-presidente da Federação Brasileira das Associações de Controle de Tráfego Aéreo (Febracta), Moisés Almeida, para a Seção de Rádio do VI Comar.

Os três militares haviam sido indiciados no relatório do IPM (Inquérito Policial Militar) da Aeronáutica por crime de motim, mas não foram denunciados à Justiça Militar.

Os procuradores alegaram falta de provas para tocar o processo adiante. O arquivamento irritou a Aeronáutica, que queria punição exemplar aos líderes do movimento.

Segundo uma fonte militar, dos 14 militares afastados pela Aeronáutica, durante o agravamento da crise em junho devido à operação padrão, nove saíram definitivamente da atividade de controle aéreo, tanto civil, quanto militar.

A Aeronáutica decidiu também afastar da atividade os militares denunciados pelo Ministério Público e que não estavam no grupo dos 14. Um controlador civil denunciado por incitamento também será transferido. Além dessas punições, os envolvidos tiveram a promoção negada, mesmo tendo ficha com excelente comportamento.