Título: Empresas pressionam Jobim por Congonhas
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 14/08/2007, O País, p. 10

Ministro quer informações detalhadas das reivindicações, entre elas suposta brecha de escala no aeroporto.

BRASÍLIA. As companhias aéreas apresentaram ontem uma lista de propostas ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, com o objetivo de mudar ou driblar as medidas adotadas pelo governo para desafogar o Aeroporto de Congonhas (SP). As empresas sugerem adotar intervalo de uma hora entre o desembarque em Congonhas e o embarque para o segundo trecho da viagem. Recentemente, o Conselho de Aviação Civil (Conac) decidiu que Congonhas terá apenas vôos diretos, de no máximo duas horas e para 11 destinos.

As companhias aéreas reivindicaram ainda a adoção de 44 slots (número de pousos e decolagens no intervalo de uma hora) em Congonhas, em vez dos 33 slots fixados pelo Conac. Jobim disse que vai analisar todas as propostas, mas não pareceu sensibilizado. O ministro disse que pediu diagnósticos mais fundamentados às empresas. Questionou, principalmente, a proposta sobre prazo maior para conexão.

De manhã, ele se reuniu com o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), José Márcio Mollo, e outros integrantes da entidade. À tarde, foi a vez da Associação Brasileira de Empresas de Transportes Aéreos Regionais (Abetar).

- O SNEA nos deu um ofício solicitando algumas providências no sentido da execução das normas do Conac. Como não me foi satisfatória a análise dessas providências, solicitei que mandassem o fundamento de cada uma delas - disse Jobim, mostrando desconfiança especialmente sobre a proposta do intervalo de uma hora entre pouso e decolagem em Congonhas:

- Isso não é um novo mecanismo de conexão? Precisamos saber. Perguntei se não representaria uma forma de fazer Congonhas ter escala.

Em relação ao aumento dos slots, sobretudo nos horários de pico, Jobim foi sucinto:

- Vamos estudar.

Ministro repete que Congonhas não será "hub"

Mas o ministro reiterou que Congonhas deixará de ser "hub", ponto de distribuição de vôos. Segundo ele, as empresas concordaram com o plano do Conac de transferir 151 dos 712 vôos operados hoje em Congonhas para Guarulhos (SP). Mas pediram algumas mudanças nas medidas.

Jobim também comentou o pedido de alterar de horas para quilômetros o limite de duração de vôo que saem de Congonhas. Pelas normas do Conac, Congonhas só poderá ter vôos de até duas horas de duração. As empresas querem trocar essa regra para 1.500 quilômetros de distância. Isso beneficiaria as companhias menores, cujos aviões levam mais tempo para percorrer uma mesma distância.

- Querem transformar as duas horas de operação dos vôos para Congonhas em 1.500 quilômetros, mas pedi que me expliquem onde os aviões chegam com esse 1.500, em linha reta. Preciso saber o que isso representa - contou Jobim.

Ele disse acreditar que na próxima semana as empresas apresentarão o desenho da nova malha aérea, a partir das mudanças em Congonhas.

COLABOROU Geralda Doca