Título: Após 5 meses de alta, emprego industrial recua
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Fonte: O Globo, 14/08/2007, Economia, p. 23
RIO e SÃO PAULO. Depois de terem subido durante cinco meses seguidos, as contratações na indústria brasileira pararam em junho. Segundo pesquisa divulgada ontem pelo IBGE, a ocupação caiu 0,1% frente a maio, taxa que o instituto considera estabilidade. No ano, o emprego continua em alta: 1,6% e, nos últimos 12 meses, 1%. Na outra direção, o salário subiu na comparação com maio: alta de 0,2%, depois de ter caído 0,7% no mês anterior. Frente a junho do ano passado, a folha de pagamento real ficou 4,6% maior, mesmo percentual registrado no acumulado do ano.
- O emprego está respondendo ao aquecimento da indústria. Em junho, houve uma acomodação depois de cinco meses de alta, quando o emprego subiu 2%. Esse conjunto de taxas positivas só vimos em 2004, o melhor ano para o emprego industrial desde 2001, quando começou a nova série da pesquisa - afirmou Isabella Nunes Pereira, gerente da pesquisa.
No salário, o impacto do pagamento de participação nos lucros pela Petrobras mexeu com os indicadores. A folha da indústria extrativa (na qual a maior presença é a do petróleo) no Rio de Janeiro subiu 43,7%, elevando em 10,2% o salário em junho no Estado do Rio.
- Descontando o efeito da indústria extrativa, o salário no Rio teria subido apenas 1,9%. Enquanto que, no Brasil, a taxa desceria de 4,6% para 3,9% - calculou Isabella.
Mas, pelas conclusões do "Taxa de câmbio e indústria brasileira", preparado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o emprego no setor vai cair a médio e longo prazos.
Segundo estudo divulgado ontem em São Paulo, os ajustes impostos à indústria nacional pela valorização cambial estão mudando a estrutura da produção, o que deverá resultar, não só na redução do emprego, como no encolhimento da participação do setor na economia. Outro efeito é a contínua queda da produção local de itens de alta e média tecnologia (como celulares, aparelhos de TV e eletroeletrônicos de consumo), que estão sendo substituídos pelos importados em escala cada vez maior.