Título: Governo vai liberar R$1 bi para biocombustível
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Fonte: O Globo, 14/08/2007, Economia, p. 23

Para Dilma, produção não atrapalha cultivo de alimentos e preocupação com desmatamento não tem razão

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, anunciou ontem, no Rio, que o governo vai investir R$1 bilhão em projetos de pesquisa e desenvolvimento no setor de biocombustíveis. O investimento será feito a partir de 2009. O anúncio foi feito pela ministra durante o seminário "Biocombustíveis: a nova fronteira de energia", realizado pelo GLOBO no Copacabana Palace.

- O Brasil tem todas as condições de assumir a liderança mundial do setor. Temos matriz energética renovável, baixo custo de produção e ainda capacidade de ampliar a área de plantio - analisou a ministra, listando as vantagens do Brasil em relação a outros países.

O Brasil tem 851 milhões de hectares, dos quais 383 milhões são de áreas agricultáveis, e 210 milhões, ocupados com pastagens. O projeto de assumir a liderança do mercado mundial não enfrentará dificuldades, considerando que a área disponível para expansão chega, segundo a ministra, a 91 milhões de hectares.

Produção de álcool está longe da Amazônia, diz ministra

A grande disponibilidade de áreas agricultáveis no país permite, segundo a ministra, que a produção de energia a partir de biocombustíveis não seja conflitante com o cultivo de alimentos. Tanto o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quanto o líder cubano, Fidel Castro, chegaram a sugerir, recentemente, que a produção brasileira de álcool poderia comprometer a oferta de alimentos.

Atualmente, apenas 1% da área agricultável no Brasil está ocupada com produção de oleaginosas. Também não tem fundamento, afirmou a ministra, a preocupação internacional com relação ao desmatamento para produção de álcool ou biodiesel, até porque a produção está concentrada a 2.100 quilômetros de distância da Amazônia.

- Para nós, a produção de alimento não é conflitante com a de energias. Pensamos em produção de alimento e produção de energia, e não em produção de alimentos versus produção de energia - afirmou a ministra.

Apesar de todo o papel protagonista do Brasil, a ministra alertou sobre o perigo de o país se transformar num mero fornecedor de matéria-prima, porque a União Européia (UE) já demonstrou o desejo de apenas comprar aqui a matéria-prima para produzir seu próprio biodiesel.

O Ministério de Minas e Energia, o BNDES e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estão trabalhando juntos para desenvolverem estudos para aumentar a utilização de biomassa no país.