Título: Mais da metade dos aeroportos dá prejuízo
Autor: Éboli, Evandro e Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 15/08/2007, O País, p. 4

Segundo presidente da Infraero, apenas dez dos 67 terminais dão lucro, e privatização é a saída para os demais.

BRASÍLIA. Dos 67 aeroportos administrados pela Infraero, mais da metade - 37 - terminou o ano de 2006 com as contas no vermelho. O novo presidente da empresa, Sérgio Gaudenzi, considera que apenas dez sejam superavitários e admitiu que a privatização é a saída para os demais. Gaudenzi defendeu, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, anteontem, não só privatizar, mas também transferir aeroportos para a administração estadual.

Guarulhos dá mais lucro; Guararapes, mais prejuízo

O presidente da Infraero disse ter dúvidas sobre se o setor privado vai se interessar pelos aeroportos deficitários. Só 12 aeroportos terminaram o ano de 2006 com faturamento superior a R$10 milhões. Guarulhos é o primeiro da lista, com superávit de R$275,6 milhões no ano passado. O Aeroporto Internacional de Guararapes, em Recife, é o mais deficitário, com prejuízo de R$12,9 milhões.

Especialistas atribuem as más condições dos aeroportos ao monopólio da administração da Infraero e sugerem um modelo misto, como ocorre nos EUA, Inglaterra, Austrália, França, Alemanha e Canadá. Para melhorar a qualidade da prestação do serviço, o professor de Transporte Aéreo da UFRJ Respício do Espírito Santo Júnior propõe que aeroportos locais, com pouco movimento e baixa rentabilidade, sejam repassados a prefeituras e governos estaduais, e os mais importantes, entregues a administrações independentes.

Especialista sugere privatização em etapas

Isso poderia ser feito pela privatização, mas em etapas, para evitar uma corrida pelos aeroportos rentáveis. O professor acredita que haveria interesse por Guarulhos, Congonhas, Santos Dumont, Tom Jobim, Brasília, Viracopos, Fortaleza e Manaus. Sobrariam Palmas e Cuiabá, por exemplo.

- A administração individualizada pode trazer oportunidades. As empresas privadas têm mais acesso direto a investimentos e capitais do que a Infraero. Afastaria corrupção, empreguismos e influências partidárias - diz o professor.

O dirigente do Instituto Cepta, professor Vladimir Silva, afirmou que há grupos econômicos interessados em participar de um possível processo de privatização dos terminais.

Além dos aeroportos da Infraero, há 310 com pistas de 1.200 metros ou mais, boa sinalização e em condições de atender a qualquer tipo de aviação regional, administrados por prefeituras e governos estaduais. Alguns, como Porto Seguro, Cabo Frio e Juiz de Fora, são explorados por empresas privadas.