Título: Brigadeiro chora em tensa sessão com famílias
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 15/08/2007, O País, p. 5

Jorge Kersul, criticado por parentes de vítimas do acidente da Gol, diz que equipes de busca foram injustiçadas.

BRASÍLIA. Na sexta vez que compareceu ao Congresso para discutir a crise aérea, o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), chorou ontem, durante sessão no Senado. Confrontado com parentes de vítimas do acidente da Gol, ocorrido em setembro de 2006, Kersul reagiu às críticas de que a Aeronáutica foi responsável pelo sumiço de pertences dos mortos. Deixou a sala, por alguns minutos, em prantos. Antes de entrar num banheiro, ele foi abraçado por Neuza Machado, que perdeu o marido no vôo da Gol.

O clima na CPI do Apagão Aéreo foi de comoção e nervos à flor da pele. Logo no início, a presidente da Associação de Vítimas da Gol, Angelita Marchi, cobrou explicações do Cenipa.

- Não houve postos de vigilância no local? Não havia monitoramento à noite? Quem era o responsável pelos pertences? Não havia guarda 24 hora por dia? Quem revistou as equipes de resgate? - perguntou Angelita, antes de ler uma Carta à Sociedade Brasileira. Ela é viúva do empresário Plínio Siqueira.

Angelita voltou a irritar Kersul quando exibiu um vídeo, veiculado na internet, que mostra o resgate dos corpos.

O brigadeiro, responsável pelas buscas na região do acidente, afirmou que a divulgação do vídeo não ajudava em nada. Disse que o caminho seria procurar a Justiça e não a imprensa, nem era correto divulgar aquelas imagens. Kersul exibiu um vídeo institucional da Aeronáutica que mostra as equipes de resgate no local do acidente. No vídeo, aparecem cenas de parentes dos mortos no local e o trabalho dos soldados da FAB.

- Será que esses homens estavam preocupados em pegar um celular, um documento para comprar um carro? As famílias foram ao local, são suspeitas também - rebateu Kersul.

Ele bateu boca com o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) pelo fato de ter sido chamado de Vossa Senhoria, e não Vossa Excelência.

- O tratamento é Vossa Excelência para um oficial general - disse o brigadeiro.

Kersul não conseguiu ler um texto em homenagem aos militares que atuaram nas buscas. Um dos trechos dizia: "Não se abatam pelas injustiças. O Brasil precisará de vocês e vocês receberão o merecido reconhecimento. Vocês não deixaram ninguém para trás".

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