Título: Violência custou R$4,3 bi ao Estado em 2004
Autor:
Fonte: O Globo, 15/08/2007, O País, p. 12

Total corresponde a 8% de todos os gastos com o sistema público de saúde no país, segundo estudo do Ipea

BRASÍLIA. A violência custou ao Estado brasileiro em 2004 cerca de R$4,3 bilhões, o que equivale a mais 8% de todos os gastos com o sistema público de saúde no ano anterior (em torno de R$53 bilhões), revela pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O estudo, inédito, mostra que o custo das vítimas das chamadas causas externas (incluindo agressões e acidentes de transportes) é sete vezes maior do que se calculava até então. Isso porque foram considerados, pela primeira vez, não apenas os gastos com internação, mas também com prevenção, atendimento pré-hospitalar, emergência, tratamento.

Na pesquisa, o Ipea analisa os dados do Sistema Único de Saúde (SUS) entre os anos de 1998 e 2004. Nesse período, o SUS realizou 12,2 milhões de internações hospitalares anuais, das quais 715 mil por causas externas. Essas internações custaram R$606 milhões ao ano, 7,5% do total. Entre 1998 e 2004, houve uma média de 73 internações por 100 mil habitantes, sendo quatro relativas a causas externas. O total de internações representou custo per capita anual de R$51,6, dos quais R$3,8 por causas externas.

Entre as causas externas, agressões e acidentes de trânsito foram as que mais tiveram óbitos por internação: 5,2% e 4,4%, respectivamente. Por estados, os dados mostram peculiaridades. Maranhão, Roraima e Rio de Janeiro têm maiores percentuais de internações por acidentes de trânsito: respectivamente 46%, 37% e 33% do total de causas externas. Outros estados registram números altos de agressões, como Amapá (26%), Amazonas (12%), Alagoas (12%), Bahia (10%) e Acre (10%).

Nos acidentes de trânsito, 42% das internações envolvem pedestres, 16% se referem a veículos não especificados, 14% a motociclistas, 12% a ocupantes de automóveis e 88% a ciclistas. As mais caras são as que envolvem ocupantes de veículos (R$1.465 em média), que registram taxa de 5,8% de óbito. Maranhão e Rio chamam a atenção nos dados de acidentes com pedestres. Juntos, respondem por mais de 45% das internações.

Entre 1999 e 2001, 36% das internações por agressões se deveram a objetos cortantes, 31% a armas de fogo e 14% à força física. Mas os ferimentos por tiros têm as internações mais caras, R$1.583 em média. Nesses casos, a taxa de mortalidade supera 9%. Cerca de 60% das internações por agressões com armas de fogo concentram-se em São Paulo (28%), Minas Gerais (15%), Bahia (9%) e Rio (9%).