Título: Está resolvido em parte
Autor: Damé, Luiza e Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 16/08/2007, O País, p. 3
Ao comentar caos aéreo, Lula não explica o que já foi feito e o que estaria faltando.
Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o caos nos aeroportos brasileiros, que se arrasta desde setembro do ano passado, está resolvido em parte. Na avaliação do presidente, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, no cargo desde 25 de julho, trabalha para corrigir os problemas, mas ainda há providências a serem adotadas para reestruturar o setor aéreo. Ele voltou a dizer que Jobim tem carta-branca para fazer as mudanças necessárias no setor aéreo, inclusive na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
- Eu acho que (o caos aéreo) está resolvido em parte - afirmou Lula, enquanto esperava o presidente do Benin, Boni Yaji, para almoço no Itamaraty.
Bem-humorado, foi Lula quem interrompeu a conversa com o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) e com a primeira-dama Marisa Letícia para falar com os jornalistas. O presidente demonstrou satisfação com a atuação de Jobim, mas ressaltou que o ministro está há pouco tempo no cargo e ainda há o que fazer para melhorar o sistema aéreo brasileiro.
- O ministro Jobim está fazendo o que tem de ser feito, ou seja, reestruturar tudo o que tiver de ser reestruturado.
"Ao ministro Jobim foi dada carta-branca"
O presidente não falou das providências adotadas pelo governo, nem do que ainda será feito. Mas disse que a parte mais demorada em todo o processo é a melhoria da estrutura e das instalações dos aeroportos, além da construção de novos terminais.
- Obviamente que a coisa mais demorada é fazer uma pista de aeroporto, que você não faz no dia, demora tempo, mas estamos estudando. Ao ministro Jobim foi dada carta-branca para fazer as mudanças necessárias.
Lula sinalizou que poderá haver mudanças na Anac, mas admitiu que há obstáculos legais para substituir os diretores da agência, cujo mandato vai até 2011. O presidente afirmou que qualquer alteração na Anac será tratada diretamente com o ministro da Defesa.
- Na hora em que tiver que mudar, o ministro Jobim me procura e propõe as mudanças - afirmou Lula.
O presidente foi evasivo ao falar da substituição dos diretores da Anac, que vêm sofrendo críticas em razão do caos aéreo. Dos cinco diretores, só um tem ligações com o setor, e os demais foram indicações políticas.
- Não sei. Temos problemas legais e temos de ver, mas isso tudo é por conta do ministro Jobim - afirmou.
Brigadeiro critica estrutura da Anac
Ontem, na Câmara, o assessor militar do Ministério da Defesa, brigadeiro Jorge Godinho, criticou a atual estrutura da Anac.
- O poder de concessão deveria ser do Estado. Mas, no caso da aviação civil, é a Anac que tem esse poder - observou Godinho.
Apontado pelo Palácio do Planalto como o nome mais forte para ser o secretário executivo do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac), o brigadeiro Godinho fez um discurso afinado com a linha que passou a ser defendida pelo governo. Numa referência à crise aérea, o militar afirmou que nada mais oportuno do que este momento "efervescente" para traçar os rumos das agências reguladoras como se espera. Segundo ele, é preciso ter o fortalecimento do poder regulador e fiscalizador das agências. Ao mesmo tempo, é necessária uma definição clara e transparente das competências do poder concedente e dos órgãos que têm a responsabilidade de regular e fiscalizar.
- No caso específico da aviação, que seja prestado (um serviço) com a segurança, com a regularidade e com a pontualidade que a sociedade espera para chegar a um determinado aeroporto e encontrar aquele serviço à sua disposição com essas características - ressaltou Godinho.
Ao participar de cerimônia com o presidente do Benin, Boni Yaji, Lula ficou corado com elogios do colega. Yaji, que assumiu no ano passado, convidou Lula a ser "padrinho do Benin emergente" e disse que ele é amigo da África:
- Lula é considerado amigo dos pobres e é um modelo e uma voz a serem seguidos.
Lula, que discursou antes, disse que Yaji ilustra a renovação no continente africano:
- Um líder jovem, mas com experiência internacional, à frente de um governo transparente e implacável no combate à corrupção.
COLABOROU: Chico de Gois