Título: Palocci rejeita convite para relatar CPMF
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 16/08/2007, O País, p. 10

Mas alerta que país correrá riscos caso a contribuição não seja prorrogada.

BRASÍLIA. O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP) não aceitou o convite feito pelo líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE), para ser o relator da Comissão Especial que vai analisar a emenda constitucional que prorroga a CPMF, mas fez veemente defesa de sua aprovação, como quer o governo. O deputado disse que o Brasil correrá sérios riscos caso seja aprovado o fim da contribuição, como prega o DEM, ou mesmo a redução gradual da alíquota, nos termos propostos pelo PSDB. Para ele, é possível reduzir a alíquota, desde que haja também corte de despesas.

- Com o fim da CPMF, nas condições atuais de crise internacional, o Brasil quebraria em duas semanas - sentenciou.

Para o petista, se o governo federal ficar sem os R$35 bilhões da arrecadação da CPMF, sinalizaria ao mercado financeiro que as contas não vão fechar. E argumentou que esse tem sido o drama do país: ter um Orçamento irreal, que não comporta os gastos previstos, provocando aumento de juros e crescimento acelerado da dívida pública.

- Sem os R$35 bilhões da CPMF, a dívida pública explode.

O deputado também criticou a redução gradual da alíquota:

- É possível, mas a proposta precisa vir acompanhada da indicação de onde serão feitos cortes. Tem que dizer que áreas receberão menos recursos. Não pode ser naquela base de "vou reduzir as despesas com viagens", que não representam 0,002% dos gastos. Um bom caminho seria programar uma redução da alíquota num período de dez anos. Equivaleria a um corte de R$3 bilhões ao ano nos gastos do governo.

Denunciado pela Procuradoria Geral da República no caso da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo da Costa, Palocci aguarda a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O petista prefere ficar submerso até a decisão:

- Não sou candidato a nada, meu negócio é batucada!