Título: Para a Casa Civil, 'trem da alegria' da Câmara abre 'brecha vulcânica'
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 16/08/2007, O País, p. 12

Assessor de Dilma condena "incentivo às más práticas" e defende concurso.

BRASÍLIA. O subchefe de Assuntos Governamentais da Casa Civil, Luiz Alberto dos Santos, criticou ontem as emendas constitucionais que pretendem efetivar mais de 300 mil servidores que não prestaram concurso público, criando um grande "trem da alegria". Ele disse que essas propostas abrem uma "brecha vulcânica" no sistema, que prevê que as pessoas só podem ingressar no serviço público por meio de concurso.

- Inventar uma PEC (proposta de emenda constitucional) para legitimar situações desse tipo é um incentivo às más práticas, é um golpe sério e muito forte no instituto do concurso público, que não pode ser assimilado pela sociedade - condenou Luiz Alberto dos Santos.

"Continuam ocorrendo contratações irregulares"

Para o assessor da ministra Dilma Rousseff, o impacto não será tanto nas contas públicas, e sim na questão do princípio de ser obrigatória a realização de concurso público. Luiz Alberto disse que ainda estão sendo feitos estudos sobre o número efetivo de pessoas a serem beneficiadas, bem como o impacto financeiro disso. Ele acredita que as conseqüências serão maiores para estados e municípios do que para a União.

- O mais importante é a brecha vulcânica que abre no sistema, que construímos a duras penas, que é o de estabelecer a entrada no serviço público or concurso. Os Tribunais de Contas têm poder para coibir, mas, lamentavelmente, ainda continuam ocorrendo contratações irregulares. É uma questão de princípio - disse Luiz Alberto.

Maia: "Eles não têm coragem de dizer não às pessoas"

O presidente do Democratas, deputado Rodrigo Maia (RJ), também criticou a proposta e disse que o governo é contra, mas sua base não.

- O problema é que eles não têm coragem de dizer não às pessoas - disse Rodrigo Maia.

Ele aproveitou para criticar o novo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, que disse anteontem que o Estado brasileiro era "raquítico".

- Não esperava nada diferente dele. A visão dele é de que o Estado deve suprir as necessidades do país - disse Rodrigo Maia.