Título: BNDES terá R$65 bi para emprestar este ano
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 16/08/2007, Economia, p. 28

Banco obteve lucro recorde de R$4,4 bi no 1º semestre. Projetos aprovados em infra-estrutura cresceram 144,9%.

Depois de registrar um lucro líquido recorde de R$4,4 bilhões no primeiro semestre do ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico E Social (BNDES) decidiu colocar o pé no acelerador e aumentar o volume de recursos disponíveis para financiamento de aproximadamente R$61 bilhões para R$65 bilhões este ano. O anúncio foi feito ontem pelo presidente do banco, Luciano Coutinho, ao explicar que o novo teto foi aprovado pelo Conselho de Administração da instituição, diante do crescimento contínuo da economia e do maior ritmo de alguns projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

- E prematuro estimar um número de desembolsos para este ano, mas, pelo andar da carruagem, o crescimento está sendo expressivo - destacou Coutinho.

Desembolsos cresceram 38,2% de janeiro a julho

Segundo Luciano Coutinho, no período de 12 meses encerrado em julho, o desembolso total da instituição foi de R$60,9 bilhões, 35% acima de igual período do ano passado.

Só nos sete primeiros meses deste ano, os desembolsos totalizaram R$31,2 bilhões, 38,2% a mais do que no mesmo período de 2006. Já o total de projetos aprovados nos primeiros sete meses atinge R$48,8 bilhões, valor 59,3% superior aos R$R$30,8 bilhões aprovados em igual período de 2006. Coutinho destacou o impulso nos projetos de infra-estrutura, cujo volume de financiamentos aprovados cresceu 144,9% de janeiro a julho último, alcançando um total de R$24,3 bilhões.

Nos últimos dois anos, o BNDES não conseguiu desembolsar todo o volume de crédito disponível. Em 2005, as liberações totalizaram R$47 bilhões e, no ano passado, R$52,6 bilhões.

- O volume de aprovações continua crescendo e, naturalmente, puxa o desembolso. Para os próximos dois anos vamos ter que aumentar nossa capacidade de financiamento para fazer frente a um volume de desembolso certamente mais alto que o de 2007 - destacou Coutinho.

Segundo o executivo, o BNDES pode utilizar várias fontes de recursos sem dificuldades. Entre elas, Coutinho citou recursos do próprio FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) Especial, além de poder recorrer ao mercado e organismos multilaterais, como BID e Bird.

Ao comentar o desempenho do BNDES, Coutinho ressaltou que, além do setor de infra-estrutura, outros setores tiveram um volume significativo de projetos aprovados pelo banco de janeiro a julho deste ano. O segmento de agropecuária registrou um aumento de 64,2%, alcançando R$2,9 bilhões de créditos aprovados. O banco aprovou ainda um total de R$21,7 bilhões para projetos da indústria, representando um incremento de 24%.

Apesar de evitar fazer previsões, Coutinho disse que, neste ano, os desembolsos devem ficar entre R$60 bilhões e R$65 bilhões, diante do ritmo das aprovações.

- É um indicativo muito claro que a economia está em um ciclo de investimentos em ascensão. Isso demonstra que a taxa de investimentos sobre o PIB vai subir em 2007 e nos próximos anos, passando dos 17% em direção a 21% lá na frente - disse Coutinho.

Sobre o lucro recorde de R$4,4 bilhões no primeiro semestre, que representou um aumento de 34% em comparação com os R$3,3 bilhões registrados em igual período de 2007, Coutinho destacou a recuperação de créditos com a redução da inadimplência. A melhoria da carteira de créditos do banco resultou em um ganho de R$1,2 bilhão no primeiro semestre do ano.

Banco pretende financiar Unipar e Petrobras

Segundo Coutinho, desse total, R$424 milhões se deveram ao pagamento de parcela das dívidas da Southern Electric Brasil, empresa do consórcio CBE, que tem como principais controladores a americana AES e a Eletropaulo. Esse pagamento foi obtido por decisão judicial favorável ao banco.

O BNDES está disposto a financiar a operação de fusão dos ativos petroquímicos da Unipar com os da Petrobras no Pólo do Sudeste, para criar a Companhia Petroquímica do Sudeste (CPS). Apesar de não ter sido procurado ainda pelas empresas, Coutinho disse que o controle da operação terá de ser privado.