Título: 'A temperatura está baixando'
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 17/08/2007, O País, p. 8

BRASÍLIA. Nomeado com a missão de resolver o apagão aéreo, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, concorda com o presidente Lula e acha que a crise foi resolvida em parte. Depois de criticar o tamanho das poltronas, agora vai fiscalizar denúncias de que as tripulações trabalham no limite ou acima do permitido.

Cristiane Jungblut

Em que situação encontrou o sistema aéreo? É terra arrasada?

JOBIM: Não. Havia uma progressiva concentração de vôos que criava uma situação de insegurança, com o esgarçamento de toda a malha. A partir de agora, vamos redesenhando a malha das empresas, através do desaparecimento de Congonhas como centro de distribuição nacional de vôos.

E as empresas?

JOBIM: Vamos ter condições de iniciar uma fiscalização do problema da manutenção das aeronaves e da chamada regulamentação. A legislação trabalhista prevê um determinado número de horas para as tripulações e há informações de que as tripulações estão sendo, digamos, esgarçadas, na sua utilização. Então, vamos fazer um "rush" de fiscalização. Sabe-se muito bem que a razão dessa regulamentação, fixando teto, é o estresse que toda viagem aérea causa. Não se pode admitir que seja ultrapassada.

O presidente Lula disse que parte da crise já foi superada. Concorda?

JOBIM: Concordo. Pelo menos a temperatura está baixando. Precisamos transmitir agora a percepção ao cidadão de segurança.

Mas o que mudou nesses quase 30 dias?

JOBIM: A questão de comando. O problema básico, inicialmente, não era esse. Era (a falta de) um centralismo de comando e alguém que fosse realmente responsável pela situação. A determinação do presidente é que assumisse esse comando, e ele me deu carta branca para isso.

O Conselho de Aviação Civil será fortalecido? E a Anac?

JOBIM: Quero fortalecer o Conac como órgão de gestão, diretriz e determinações. Estamos pensando numa revisão global do sistema, inclusive da Anac.