Título: Assessor do BNDES deve à Capes
Autor: Cotta, Sueli e Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 17/08/2007, O País, p. 12

Ricardo Henriques teve estudo financiado, mas não prestou contas.

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ontem reclamou de quem critica o Bolsa Família mas não faz o mesmo quando o governo paga bolsa a estudantes no exterior, parece não se importar quando um bolsista deixa de cumprir com suas responsabilidades. Para comandar o principal programa de combate ao analfabetismo do Ministério da Educação, o governo nomeou, em 2004, o economista Ricardo Henriques. O pesquisador, que já tinha participado da montagem do Bolsa Família, tem até hoje uma pendência com a Capes. Bolsista por quatro anos na Universidade de Paris na década de 90, ele retornou ao Brasil sem apresentar a tese de doutorado.

A apresentação da tese é uma exigência para alunos bolsistas. Quem descumpre essa regra e não devolve o dinheiro investido nos estudos vai parar no cadastro de devedores do governo, o Cadin. Foi o que aconteceu com Ricardo Henriques quando ainda estava no governo. Ele deixou o cargo no MEC em maio deste ano e atualmente ocupa um posto na assessoria do BNDES, no Rio.

Segundo dados de 2006, o economista não estava sozinho nessa situação. Outros cerca de 650 ex-bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Capes deviam R$97,6 milhões. Eles abandonaram o curso, deixaram de defender a tese ou ignoram a exigência de voltar ao país.

Ricardo Henriques deixou de ser bolsista da Capes em 1998. Ontem, ele disse que ainda tenta regularizar sua situação.

- Estou negociando - afirmou.

Segundo ele, até setembro será definido o prazo de entrega da tese.