Título: Chefe da Anac é preso por fraude em Foz do Iguaçu
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 18/08/2007, O País, p. 9

Suboficial é acusado de validar documentos para tráfico colombiano.

CURITIBA. A Polícia Federal de Foz do Iguaçu prendeu ontem na cidade o suboficial da Aeronáutica Ângelo Reinaldo Fernandes Cassol, chefe da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na cidade, e o policial federal aposentado Adilson Soares da Silva. Os dois são acusados de fornecer vistos e passaportes falsos para a quadrilha do colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, preso na semana passada e considerado um dos maiores traficantes do mundo.

Ramírez Abadía dependia do chefe da Anac para revalidar os vistos de entrada e de saída no Brasil sem que precisasse viajar. A polícia acredita que foi esse esquema que permitiu que o traficante permanecesse no Brasil por três anos. Um dos beneficiados pelo esquema foi o piloto do traficante, André Barcellos, que usava cinco nomes diferentes.

Na segunda fase da Operação Farrapos, comandada por policiais federais de São Paulo e Foz do Iguaçu, Cassol foi preso em casa, no Centro de Foz. O chefe da Anac teria recebido de Ramírez Abadía US$200 pela confecção de documentos que seriam repassados para o policial federal Adilson Silva validar. Cassol teria se beneficiado do esquema com o lucro da venda de passagens, provavelmente fictícias.

Para isso, segundo a PF, contava com a intermediação da empresa Point Tur Agência de Viagens e Turismo, que pertence à sua mulher, Vera Cristina Fiala Cassol, e do escritório de Rita de Cássia Soares da Silva, irmã do policial federal Adilson Soares da Silva, no desenvolvimento das atividades da organização criminosa chefiada por Ramírez Abadía. A Justiça acredita ter provas de que a organização criminosa conseguiu se infiltrar em órgãos da União.

Direção da Anac exonera o suboficial

Em nota oficial, a diretoria da Anac informou que exonerou o suboficial Ângelo Cassol após a sua prisão e determinou sua devolução à Força Aérea Brasileira, para que tome providências legais.

"O referido suboficial era responsável pela Seção de Aviação Civil em Foz do Iguaçu, no Paraná. A legislação que criou a Anac impôs que a Agência absorvesse todos os funcionários civis e militares (de ativa e da reserva) do antigo Departamento de Aviação Civil (DAC), onde estava lotado o referido suboficial", diz a nota.

A Justiça Federal também decretou ontem 11 prisões preventivas e duas prisões temporárias de pessoas investigadas na Operação Farrapos.

Acusado de vários crimes nos Estados Unidos, Ramírez Abadía foi preso na semana passada em São Paulo. Ele já teve sua prisão preventiva decretada pelo Supremo Tribunal Federal para fins de extradição.