Título: Tuma quer confrontar Lyra e primo de Renan
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Fonte: O Globo, 18/08/2007, O País, p. 12

Peritos da PF revêem papéis de defesa do presidente do Senado.

BRASÍLIA. Integrantes do Conselho de Ética do Senado defendem uma acareação para tentar desvendar a suposta sociedade do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o empresário João Lyra na JR Rádio Difusora de Alagoas e em um jornal. Depois de ouvir ontem uma testemunha confirmando a versão de Lyra, de que ele é sócio de Renan, o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), defendeu a acareação entre o empresário e Tito Uchôa, primo de Renan que seria o laranja do senador na sociedade.

Em carta a Tuma, Uchôa se dispôs a colaborar e admitiu se submeter à acareação com Lyra, para rebater o que chamou de "descabidas acusações". Para Tuma, Uchôa é peça fundamental na investigação, tendo em vista que nem Lyra nem o jornalista Luiz Carlos Barreto Goes, que depôs ontem em Maceió, apresentaram provas que sustentem a versão de Lyra. Barreto confirmou a Tuma que administrava o jornal que teria sido comprado por Renan.

A análise de novos documentos poderá provocar uma reviravolta na laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC) sobre as contas de Renan. Uma revisão das receitas e despesas do senador, a partir da exclusão da verba indenizatória paga pelo Senado nos últimos anos (que Renan computou como renda), indica que ele tem dificuldade para provar que tinha recursos próprios para pagar pensão de R$12 mil a jornalista Mônica Veloso. A Polícia Federal quis saber do Senado se a verba pode ser considerada renda.

Renan declarou como fontes de renda o salário de senador (R$16 mil), atividades rurais com a venda de gado, negócios com imóveis e a verba indenizatória de até R$15 mil que o Senado pode repassar mensalmente aos senadores para despesas com o mandato.

Na primeira análise, os peritos entenderam que o dinheiro cobriria os gastos pessoais do senador. Mas, agora, descobriram que a verba não poderia ser fonte de renda. Portaria do Senado informa que ela só é liberada para despesas da atividade parlamentar, mediante apresentação de nota fiscal. Não prevê reposição de gastos pessoais. Segundo os peritos, Renan não incluiu nas contas boa parte das despesas com vacinas, ração, impostos e pagamentos de salários aos empregados da fazenda. Logo, seu lucro real seria inferior ao declarado.