Título: Sem emprego, Delúbio mantém carro blindado
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 19/08/2007, O País, p. 4

Ex-tesoureiro tem ajuda de sindicalistas.

SÃO PAULO. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares não está preocupado com o julgamento do mensalão. Tem passeado, viajado, feito articulações nos bastidores. Advogados e amigos de Delúbio afirmam que ele não tem demonstrado insegurança.

Os antigos luxos, como motorista particular em carro blindado, fartos jantares, roupas, charutos e bebidas caros ainda são mantidos. Mas velhos amigos sindicalistas sustentam que ele ficou sem dinheiro. Tanto que estaria sendo sustentado - inclusive com motorista particular e carro blindado - por esses fiéis amigos.

- Alguns companheiros fazem contribuições. Eu mesmo já contribuí. O Delúbio foi execrado e excluído. Ficou sem condições de se defender. Ele cometeu alguns erros, mas tem o direito de se defender - diz o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Carlos Alberto Grana.

Desempregado há mais de dois anos, Delúbio não tem bens em seu nome. A única propriedade, um carro Ômega blindado, está bloqueada pela Justiça de Goiás, até que ele devolva o dinheiro (cerca de R$170 mil) recebido como professor sem ter dado aulas no estado.

O apartamento onde vive com a mulher, Mônica Valente, na Consolação, em São Paulo, vale cerca de R$240 mil, mas está em nome de sua sogra, Diva Valente. Mônica é funcionária pública, e foi comissionada para uma ONG internacional ligada à CUT. Vizinhos contam que eles ficam pouco em casa.

A influência política de Delúbio em Goiás chamou a atenção do Ministério Público do estado, onde já foram abertos vários procedimentos. O promotor Fernando Krebs mantém um inquérito para investigar o fato de Delúbio continuar funcionário público de Goiás:

- Até hoje ele não foi exonerado, embora tenha sido condenado.

Um dos advogados de Delúbio, Celso Vilardi, disse que a defesa vai tentar demonstrar que os crimes citados pela procuradoria não foram cometidos:

- Não existe quadrilha. Delúbio nem conhece muitos dos 39 citados. Peculato também não, porque seria desvio de dinheiro público e o caso em questão envolve o Visanet, que não é público. (Soraya Aggege)