Título: Nas capitais, 44% foram assaltados ou agredidos
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 19/08/2007, O País, p. 12

Maioria aprova fechar bares após 22h para reduzir violência.

BRASÍLIA. Um em cada três brasileiros com 16 anos ou mais de idade diz ter sido vítima de assalto, agressão ou delito nos últimos dez anos. A revelação foi feita pelos entrevistados na pesquisa telefônica realizada pelo Ibope entre os dias 7 e 9 de agosto, em todo o país. Nas capitais, o percentual atinge 44% e sobe para 45% entre a população de maior poder aquisitivo, com renda familiar superior a dez salários mínimos. A violência atinge mais os homens: 37% deles disseram ter sido vítimas, contra 27% das mulheres.

Os pesquisadores do Ibope perguntaram aos entrevistados sua opinião sobre o fechamento de bares após as 22h. Esse tipo de medida é adotado em algumas cidades do país. O levantamento mostra que 73% dos entrevistados aprovariam a iniciativa, sendo que 44% deles disseram que o fechamento de bares contribui muito para a redução da violência, enquanto 29% afirmaram que ajuda um pouco.

O apoio é maior entre a população de baixa renda e menor escolaridade. Apenas 25% opinaram que a medida em nada contribuiria para a queda dos índices de violência. O índice supera 40% entre quem é formado em nível superior e tem renda acima de dez salários mínimos.

- A pesquisa indica forte apoio popular. Mas acho que essa medida só deve ser tomada após diagnóstico local que mostre que, de fato, o funcionamento de bares é fator de risco. Não é algo que deva ser feito de forma automática - avalia o sociólogo Ignácio Cano, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Disque-denúncia é usado por 18% dos entrevistados

Os entrevistados deixaram claro que apóiam campanhas de combate à violência contra as mulheres. Foi o que disseram 95% deles, quando indagados sobre o que pensam de iniciativas nesse sentido desenvolvidas por empresas. Metade dos entrevistados afirmou conhecer uma mulher que tenha sofrido agressões.

O disque-denúncia, instrumento que costuma ser decisivo em investigações policiais como seqüestros, é usado por 18% da população. O índice atinge 24% entre os entrevistados com renda familiar mais alta e na faixa de 40 a 49 anos.

Para o sociólogo Cano, o índice é elevado, pois indica que milhões de pessoas no país utilizam ou já utilizaram esse tipo de serviço, que permite denúncias anônimas. Com base na experiência policial, o governo decidiu fazer o mesmo no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes, por meio do número 100. (Demétrio Weber)