Título: Beltrame promete mais policiais em favelas
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Fonte: O Globo, 20/08/2007, Rio, p. 10

Segundo secretário de Segurança, obras do PAC vão garantir estruturas fixas para aumentar a presença do estado.

O secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou que a polícia está planejando uma mudança no modo de agir nas favelas do Rio, onde o domínio de traficantes, milícias e a ação de maus policiais violam rotineiramente direitos fundamentais dos moradores. Segundo ele, a polícia vai ter uma ação mais presente dentro dessas áreas.

- O Complexo do Alemão tem mais moradores que a maioria dos municípios do Brasil. Não pode ter só um DPO (Destacamento de Policiamento Ostensivo, onde fica um pequeno grupo de policiais). Temos que ter nessas áreas estruturas permanentes da polícia. Vamos aproveitar as obras do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) para iniciar esse trabalho - afirmou o secretário, lembrando que as operações para desarmar os criminosos vão continuar.

Beltrame pede à população que faça denúncias

Beltrame conclamou a população a denunciar os criminosos. Ele diz que é necessário mudar a cultura de não denunciar, para ajudar no trabalho de investigação. Mesmo reconhecendo a falta de credibilidade da polícia, ele disse que as pessoas têm hoje instrumentos para fazer denúncias que ajudem no trabalho dos policiais.

- Peço que nos procurem. Se foi no batalhão e não funcionou, vai na delegacia, no Ministério Público, em outro batalhão, em qualquer lugar para denunciar. Pode procurar a Secretaria de Segurança (que fica na prédio da Central do Brasil). Precisamos de informações para agir - disse o secretário.

Beltrame afirmou que os mais de dez mil desaparecimentos registrados pela Delegacia de Homicídios de 1993 até junho estão sendo investigados. Ele afirmou que cobrará os resultados das investigações. Segundo o secretário, a polícia atuará toda vez que receber uma denúncia sobre a existência de cemitérios clandestinos.

O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, lembrou que os desaparecidos da ditadura militar, além de serem em número muito menor, têm ONGs e partidos políticos organizados para defendê-los, ao contrário das pessoas desaparecidas nos últimos anos no Rio.

- Ainda há muito preconceito na sociedade porque acham que esses desaparecidos têm algum envolvimento com o crime, o que muitas vezes não é verdade. A grande maioria dos moradores dessas áreas é de pessoas trabalhadoras - disse Damous.

Deputado defende punição para maus policiais

Já o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Alessandro Molon (PT), afirmou que o problema dos desaparecidos atuais é grave e inaceitável. Segundo o deputado, a omissão do estado, que contribuiu para o quadro atual, tem que ser substituída por ações concretas no combate aos maus policiais e por uma ação pública permanente nessas comunidades:

- É preciso impedir a ação desses criminosos feudais.