Título: Denúncia de cabide de emprego faz Câmara investigar Alexandre Santos
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 28/08/2007, O País, p. 10

BRASÍLIA. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), determinou à Diretoria Geral da Câmara e à Primeira Secretaria a abertura de sindicância para apurar denúncias de desvio de funções e emprego de parentes na Procuradoria Parlamentar da Casa, dirigida pelo deputado Alexandre Santos (PMDB-RJ). Chinaglia disse que levará o resultado da sindicância aos demais integrantes da Mesa. A Procuradoria Parlamentar tem como função defender a imagem da Casa e dos deputados.

A denúncia de que a Procuradoria era usada como cabide de emprego foi publicada ontem pelo "Correio Braziliense". Segundo o jornal, há até um ofício, assinado pelo próprio Santos, atestando a freqüência de três funcionários de Cargo de Natureza Especial (CNEs) que não iam trabalhar. O documento, de 6 de agosto, diz que esses funcionários desempenhavam suas atribuições na Câmara.

Entre eles estaria Simone Bentil, sobrinha do deputado, que mora em Niterói. O próprio Santos reconheceu, na reportagem, que ela aparece em Brasília "de vez em quando, a cada 15 dias ou dez dias". Segundo o jornal, a Procuradoria empregava em outros cargos de confiança (CNEs) parentes de Adna Serra, chefe de gabinete de Alexandre Santos. Além do parentesco, muitos trabalhavam no gabinete do deputado e não na Procuradoria, o que não é permitido. Simone e esses outros quatro CNEs da Procuradoria foram exonerados na semana passada, segundo a reportagem, depois que o jornal procurou Santos para checar a denúncia.

O GLOBO tentou contato com Santos, mas não teve retorno. Ao "Correio", ele tentou justificar as contratações, especialmente a da sobrinha. Admitiu que Simone trabalhava no Rio e que ia a Brasília periodicamente. Ela era lotada na Procuradoria e recebia R$8,7 mil. Segundo ele, era sua assistente e "fazia introspecção nos processos".

Além da sobrinha, o deputado admitiu que deslocou CNEs para seu gabinete, prática proibida. E que alguns funcionários trabalham apenas meio expediente. Segundo Santos, ele estava tentando reestruturar a Procuradoria, que tem 963 processos em andamento. E sobre o ofício atestando a freqüência (a lista do ponto) dos CNEs, o deputado alegou que assina todos os documentos que seu chefe lhe apresenta.

Santos foi indicado procurador da Câmara em fevereiro. Ligado ao grupo do ex-governador Anthony Garotinho, tinha forte influência na Cedae. Chegou a ser citado - mas não denunciado - no escândalo dos sanguessugas.