Título: Renan: oposição ameaça abrir voto no Conselho
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 28/08/2007, O País, p. 10

PT também não concorda com o voto fechado sobre pedido de cassação do senador, como quer Quintanilha.

BRASÍLIA. Senadores da oposição e até do PT resolveram se rebelar contra a decisão do presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), de estabelecer como secreta a votação do relatório final sobre o pedido de cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os parlamentares descontentes alegam que a votação fechada pode levar a sociedade a considerar que concordam com uma manobra para proteger Renan. A previsão é de que, no Conselho, o resultado será de dez a cinco pela cassação do mandato do presidente do Senado.

Como a Constituição prevê o voto secreto na votação de cassação em plenário, o líder do DEM, Agripino Maia (DEM-RN), recomendará a apresentação de um requerimento para que a decisão de Quintanilha seja apreciada pelos conselheiros, que poderão abrir seus voto no encaminhamento.

Hoje os três relatores do caso, Renato Casagrande (PSB-ES), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Almeida Lima (PMDB-SE), reúnem-se para decidir se farão um relatório único, ou três separados. O mais provável é que Casagrande e Marisa façam um voto conjunto, pela cassação, e Almeida Lima, um separado, pela absolvição. Os três fizeram pré-relatórios no fim de semana, com base no depoimento de Renan à comissão, na quinta-feira.

Pela proposta de Agripino, com o requerimento ao plenário do Conselho, na votação do relatório, cada um já terá adiantado seu voto:

- Vamos avaliar o risco de uma impugnação (de uma votação aberta no Conselho). Se houver risco, vamos recomendar à bancada que já explicite o voto ao encaminhar a votação da decisão do Quintanilha.

- Se é uma decisão do partido, acato. Embora ache que o coerente seria que no Conselho o voto também fosse fechado, como no plenário - disse Heráclito Fortes (SE), um dos quatro votos do DEM no Conselho.

Álvaro Dias também defende que senadores abram os votos

No PSDB o senador Sérgio Guerra (PE) disse que será desnecessária uma recomendação, porque o voto de Marisa deverá ser pela cassação. O segundo voto do partido, de Marconi Perillo (GO), acompanhará o parecer da relatora tucana.

- Tudo em relação a Renan que puder ser feito aberto e à luz do dia é bom - afirmou Guerra.

O vice-líder Álvaro Dias (PSDB-PR) também defende que os membros do Conselho abram seus votos, mesmo que Quintanilha insista na votação secreta:

- O voto aberto é a solução para que a população conheça o voto de cada um.

Até os petistas pretendem revelar o voto no Conselho. Eduardo Suplicy (PT-SP) lembra que o vice-presidente do Senado, Tião Viana (AC), apresentou proposta de emenda constitucional propondo votação aberta para cassação de mandatos parlamentares. A emenda foi derrotada em 2000.

- No Conselho, votarei abertamente. O senador Renan precisa responder a muitas perguntas, indo pessoalmente ao Conselho, antes de eu decidir meu voto. A questão dos empréstimos não declarados ao Imposto de Renda é uma delas. Vou consultar o Rachid (Jorge, secretário da Receita) para ver se algum cidadão, por razões de discrição e foro íntimo pode, pela legislação, deixar de declarar empréstimos acima de R$5 mil - disse Suplicy.

- Seria incoerente com a história do PT defender agora o voto fechado no Conselho - disse Tião Vianna.

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