Título: Bolsa de SP sobe pelo sétimo pregão seguido e acumula alta de 10,54%
Autor: Frisch, Felipe e Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 28/08/2007, Economia, p. 22

Dólar avança 0,36%, para R$1,951, e mercado espera que BC volte a atuar.

RIO, BRASÍLIA e NOVA YORK. Sem notícias alarmantes do mercado de crédito internacional, a Bolsa de Valores de São Paulo teve ontem sua sétima alta consecutiva: 0,15%, a 53.078 pontos, de volta ao nível de 9 de agosto. Desde o dia 17, acumula valorização de 10,54%. Ontem, o principal indicador da Bolsa, o Ibovespa, ficou em queda quase o dia todo, chegando à mínima de 0,93% no fim da manhã, e só passou a subir às 15h30m. Já o dólar subiu 0,36%, para R$1,951, patamar em que estava antes de o Banco Central (BC) interromper seus leilões de compra da moeda americana.

A última operação de aquisição de dólar aconteceu no dia 13, quando a moeda encerrou a R$1,944. A autoridade havia feito leilões na véspera, quando o dólar fechou em R$1,951, como ontem. Com isso, analistas começam a esperar a volta do BC ao mercado, diz Carlos Cintra, gerente de Renda Fixa do Banco Prosper.

O indicador que provocou reações negativas pela manhã foi o das vendas de casas usadas nos EUA, que atingiu sua pior fase em 16 anos, com os preços recuando pelo 12º mês consecutivo. A Associação Nacional de Imobiliárias informou ontem que a venda de imóveis usados caiu 0,2% no mês passado, para 5,75 milhões, contra 5,76 milhões em junho. É o nível mais baixo desde novembro de 2002. Ainda assim, ficou acima das expectativas do mercado, que esperavam o patamar de 5,7 milhões. Os preços recuaram 0,6%, para a média de US$228.900. Outro problema é que o número de imóveis postos à venda cresceu 5,1%, o que significa que levaria 9,6 meses para vender essas casas. É o maior nível desde outubro de 1991.

- Estamos literalmente nadando em um oceano de casas à venda - disse Mike Larson, analista da consultoria Weiss Research, à CNN.

O Dow Jones, na Bolsa de Nova York, caiu 0,42%, e o Nasdaq, 0,60%. Na Bovespa, as ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Tele Norte Leste Participações (Telemar) ficaram entre as maiores altas: 4,6%. Pela manhã, a empresa enviou comunicado negando que esteja "tomando parte em qualquer iniciativa no sentido de reestruturar o sistema da telefonia privada brasileira". O governo está articulando a fusão da Telemar com a Brasil Telecom para formar uma supertele nacional.

- O Ibovespa precisa passar de 53.300 pontos com força (ontem, bateu 53.395 na máxima, com alta de 1,88%), pois aí pode ganhar base para chegar a 55 mil novamente - avalia Álvaro Bandeira, diretor da Ágora.

Real valorizado ainda beneficia importações

O risco-Brasil subiu 1,01% ontem, para 201 pontos centesimais, mas ainda acumula queda de 10,67% desde 16 de agosto, pior dia da turbulência do mercado financeiro internacional, devido à crise do setor hipotecário americano de alto risco.

A força das importações - devido, principalmente, ao real valorizado - é cada vez mais evidente na balança comercial brasileira. O superávit acumulado este ano, de janeiro até a quarta semana de agosto, de US$26,386 bilhões, foi 9,19% menor do que no mesmo período de 2006, quando o saldo ficou em US$29,058 bilhões. Enquanto as exportações somaram US$98,952 bilhões, valor 14,8% acima do apurado no ano passado, a taxa de crescimento das compras externas foi de 27%. O total importado atingiu US$72,566 bilhões.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, este mês a balança está superavitária em US$2,401 bilhões, com exportações de US$11,618 bilhões e importações de US$9,217 bilhões. A média diária exportada, de US$645,4 milhões, aumentou 8,6% em relação a agosto de 2006. Já a média diária importada, de US$512,1 milhões, teve uma variação maior, de 29,2%.

(*) Com agências internacionais