Título: Para Tarso, mensalão não respinga no governo
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 22/08/2007, O PaÍs, p. 5

MENSALEIROS NO TRIBUNAL: "Temos é que estar exultantes, porque as instituições estão funcionando", afirmou. . Ministro diz que denúncia se refere a "indivíduos determinados que cometeram ou não infrações determinadas".

BRASÍLIA. O julgamento dos acusados de envolvimento com o mensalão - pagamento de mesada em troca de apoio político no Congresso - não respinga no Palácio do Planalto, afirmou ontem o ministro da Justiça, Tarso Genro. Segundo ele, o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir, a partir de hoje, se aceita ou não a denúncia da Procuradoria Geral da República contra 40 acusados de envolvimento no esquema não interfere na agenda política do governo.

- Não só não respinga como já foi declarado pelo procurador-geral da República (Antonio Fernando de Souza) que não respinga. Não tem qualquer alusão ao governo e ao presidente - afirmou o ministro.

E acrescentou:

- Temos é que estar exultantes, porque as instituições estão funcionando de maneira regular e estável. Isso é bom para a oposição e para o governo.

Ministro da Justiça diz não ter "torcida"

Indagado se o julgamento do mensalão seria um teste de fogo para o PT e para o governo, o ministro lembrou que o governo não é formado apenas por um partido.

- Em primeiro lugar, não é do PT (o governo), é de coalizão.

Ele destacou que o direito brasileiro moderno não julga comunidades indeterminadas nem grupos, sejam eles étnicos, religiosos ou políticos.

- A aceitação ou não da denúncia se refere a indivíduos determinados que cometeram ou não infrações determinadas - afirmou, ressaltando a importância do que chamou de solidez das instituições brasileiras.

Tarso, perguntado sobre as recentes declarações do procurador-geral da República sobre o surgimento de mais provas envolvendo os acusados do mensalão, disse que não fará qualquer juízo a respeito. Limitou-se a afirmar que considera o julgamento normal e importante.

- Não tenho, como ministro da Justiça, nenhuma torcida, nenhuma inflexão a respeito do assunto, que o Judiciário vai examinar com toda cautela. Minhas funções recomendam observação, cautela e respeito ao Judiciário.

Na segunda-feira passada, o Ministério Público Federal entrou com ações para que supostos envolvidos no caso devolvam cerca de R$55 milhões aos cofres públicos. Se condenados, os integrantes dos cinco partidos que receberam recursos pelo esquema de pagamento de mesada terão, entre outras punições, seus direitos políticos cassados por até dez anos.