Título: América Latina está mais preparada para enfrentar crise, afirma Cepal
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 22/08/2007, Economia, p. 24

Alto nível das reservas e menor dívida pública reduziram vulnerabilidade.

BRASÍLIA. A América Latina está "mais preparada do que nunca" para enfrentar uma crise global, causada pela turbulência no mercado imobiliário dos Estados Unidos. A avaliação foi feita ontem pelo diretor de Desenvolvimento da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Osvaldo Kasef. Ele citou como pontos fortes das economias latino-americanas os elevados níveis das reservas cambiais, os superávits fiscais em conta corrente, a redução do endividamento público, a diversificação dos mercados compradores, o aumento da produtividade e a melhora nos indicadores do mercado de trabalho.

Kasef participou ontem de um seminário empresarial do Fórum de Cooperação Ásia do Leste-América Latina (Focalal), na Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo ele, a crise está esgotada e se restringe ao mercado de imóveis americano. Ainda que esta projeção não se confirme, e a crise ganhe proporções maiores, Kasef considera que a região não será afetada substancialmente.

- Se a turbulência transcender o mercado imobiliário americano e se disseminar pela Europa e Ásia, a América Latina não estará isenta. Mas a região está mais preparada do que nunca - afirmou o representante da Cepal.

Kasef enfatizou, porém, que ainda existe vulnerabilidade no continente latino-americano, embora em níveis inferiores aos de 1997, quando estourou a crise asiática. E destacou que, entre as preocupações da Cepal em relação à região, estão o aumento da inflação e a redução do ritmo de crescimento das exportações.

CNI aposta em alta das vendas externas

Já o gerente-executivo da Unidade de Comércio Exterior da CNI, José Frederico Álvares, apresentou aos empresários estrangeiros a atual situação econômica do país. Álvares ressaltou que a economia brasileira cresce a uma taxa média de 4% ao ano, o dobro do fim da década de 90.

- O setor externo tem sido uma fonte constante de boas notícias. As exportações brasileiras cresceram nos últimos cinco anos a uma taxa média que se aproxima de 20% ao ano. O superávit da balança comercial ultrapassa US$40 bilhões desde 2005 - afirmou.

Álvares disse ainda que as perspectivas de negócios são otimistas, pois a inflação está na casa 3% ao ano.

- Com a inflação controlada, há boas perspectivas para a queda de juros. Taxas mais baixas estimulam a expansão do crédito com impacto positivo sobre a exportação futura.

A percepção da Cepal e da CNI foi reforçada pela agência de classificação de risco Fitch Ratings. Ontem, a agência divulgou comunicado no qual afirma que as dívidas da maior parte dos países da região estão em boa posição ante as condições externas.

(*) Com agências internacionais