Título: Carga tributária bateu novo recorde em 2006
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 22/08/2007, Economia, p. 27

Segundo a Receita, volume de impostos pagos atingiu 34,23% do PIB, por causa do aquecimento da economia.

BRASÍLIA. Os brasileiros recolheram, em 2006, aos cofres dos governos da União, de estados e municípios um novo volume recorde de impostos e contribuições: R$795,1 bilhões, o que supera em R$78,1 bilhões o total do ano anterior. Segundo a Receita Federal, a carga tributária atingiu, assim, 34,23% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), 0,85 ponto percentual acima do registrado em 2005 e novo patamar histórico.

A União, sozinha, foi responsável por ampliar essa carga em 0,5 ponto percentual. A receita administrada na esfera federal subiu de 23,25% para 23,75%. Para o governo, a maior parte da expansão da receita se deveu ao aquecimento da economia, que gerou mais empregos, renda e consumo e, conseqüentemente, mais lucro para as empresas. Ou seja, não houve aumento da alíquota dos tributos.

- Essa arrecadação advém do crescimento da economia brasileira, advém de maiores contribuições do INSS, do lucro das empresas. Agora, todo esse recurso já estava destinado. Não está sobrando dinheiro - afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, à TV Globo.

O comportamento dos 32 principais tributos do país indica que, entre os 18 itens que elevaram sua participação percentual no bolo da arrecadação como proporção do PIB, três têm ligação com o mercado de trabalho: contribuição ao INSS (alta de 0,29 ponto), FGTS (0,07 ponto) e Imposto de Renda (0,10). No caso do IR, está incluído o lucro empresarial. Completam o grupo das maiores expansões o ICMS estadual (0,18), o ISS municipal (0,05) e o IPVA estadual (0,5 ponto).

Dez tributos ficaram estáveis e quatro recuaram: Cofins (0,14 ponto), Cide Combustíveis (0,02), Outras contribuições sociais (0,01) e PIS (0,01).

Valores já consideram revisão recente do PIB

- Esta é a maior carga total da série histórica (iniciada em 1990) e, levando em conta a carga exclusivamente federal, é a maior desde 1990, quando havia cerca de quatro pontos percentuais do PIB do que chamamos de "imposto inflacionário" - afirmou o coordenador de Administração Aduaneira, Ronaldo Medina.

Os números já levam em conta a nova série histórica do PIB, revisada em março pelo IBGE.

A divulgação da carga tributária foi marcada por confusões: a Receita demorou a divulgar o valor, houve erros nos números e nomes de tributos, a entrevista foi convocada em cima da hora e o secretário da Receita, Jorge Rachid, não fez o anúncio, mesmo estando em Brasília.