Título: CGU vai investigar diretores da Infraero
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 23/08/2007, O País, p. 11

A pedido de Jobim, órgão vai analisar renda e bens até de ex-dirigentes.

BRASÍLIA. A pedido da Infraero, a Controladoria Geral da União (CGU) analisará as declarações de renda e bens dos principais dirigentes da estatal nos últimos anos. O ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, disse ontem que acertou o procedimento com o presidente da Infraero, Sergio Gaudenzi, e que essa análise da evolução patrimonial será adotada tanto para ex-dirigentes como para os novos dirigentes.

Gaudenzi nomeou semana passada três diretores da Infraero, e pretende trocar o restante da diretoria e alguns superintendentes regionais. A CGU, segundo Hage, também fará uma devassa nos contratos e licitações feitos nos dez maiores aeroportos do país, nas áreas comercial e de engenharia e obras. A atuação da CGU foi pedida pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim. Para Hage, se quisesse, Jobim também poderia pedir a ação da CGU junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

- Vamos fazer análises das declarações de renda e de bens dos principais ocupantes de cargos de confiança na empresa. Vamos fazer uma análise dos ocupantes de cargos em confiança nos últimos anos, nos principais níveis: diretor, superintendente, assessor de presidência - disse Hage.

CGU já tem 25 sindicâncias referentes à Infraero

O ministro explicou que a CGU já tem em andamento 25 sindicâncias relacionadas à Infraero, que continuarão sendo realizadas. A CGU investiga diretores que foram substituídos na semana passada, como Eleuza Therezinha dos Santos Lores, ex-diretora de Engenharia. Um caso citado por ele foi o do ex-diretor financeiro Adenauer Figueira Nunes, cuja investigação começou "por força de comunicado do Coaf":

- No atual governo, instituímos as sindicâncias patrimoniais, um procedimento que utiliza essas declarações, como também informações do Coaf, para fazer a investigação patrimonial dos ocupantes de cargos públicos, quando há algum indício de evolução desproporcional ao valor da remuneração.

No caso dos aeroportos, Hage disse que o foco estará nos grandes contratos que apresentam potencial risco e lembrou que alguns deles já são alvo de investigações do Tribunal de Contas da União (TCU). Além de obras, serão analisados contratos sobre publicidade, aluguel de pátios, de hangares e de estacionamentos. Na semana passada, Gaudenzi disse à CPI do Senado que dez aeroportos do país dão lucro, como os de Congonhas, Guarulhos, Galeão, Curitiba, Recife e Confins, entre outros.

- Numa visão para frente, haverá monitoramento das licitações - disse Hage.

O ministro não quis falar da atual situação da Anac, mas argumentou que, na sua opinião, a CGU tem, sim, ingerência sobre as agências. Ele lembrou que a CGU já fez auditoria na Anatel.