Título: Conselho decide hoje sobre cassação de Renan, e processo pode ser rápido
Autor: Lima, Maria e Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 05/09/2007, O País, p. 4

Previsão é que votação no plenário possa acontecer já na semana que vem.

BRASÍLIA. Às vésperas da provável decretação da perda de seu mandato pelo Conselho de Ética, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fugiu dos questionamentos do colegiado e preferiu fazer um discurso de ataques, sem direito a apartes, no plenário, em mais uma sessão de constrangimentos. Renan manifestou seu descontentamento com a votação aberta, hoje no Conselho, dizendo que é inconstitucional. Depois do discurso, da Mesa de presidente, travou uma áspera discussão com os senadores que reagiram à sua crítica ao voto aberto no Conselho.

O plenário, presidido por Renan, com apoio de todos os líderes e a concordância do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Marco Maciel (DEM-PE), aprovou o rito definitivo para a votação do processo de cassação: hoje de manhã, votação do pedido de cassação no Conselho; às 15h, a CCJ analisa a constitucionalidade da votação do Conselho; e, quarta-feira da semana que vem, a votação definitiva no plenário, com voto fechado. Se houver pedido de vista na CCJ, a votação no plenário pode ser atrasada.

Renan mostrou insatisfação com o fato de nenhum aliado ter recorrido ao Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que seria uma indelicadeza que ele mesmo tivesse que fazê-lo. E, em vez de rebater os oito pontos listados no relatório dos senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS), como quebra de decoro parlamentar, Renan preferiu atacar a Editora Abril, que publica a revista "Veja".

- O que restou de tantas acusações? Viraram pó. Essas mentirinhas vão envenenando o ambiente e sempre encontram um sócio político para ecoá-las.

O relatório conjunto deverá ser aprovado hoje por dez votos a cinco. O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), confirmou que vai votar pela cassação. Para Casagrande, Renan não falou sobre O relatório porque não tinha como rebater as provas levantadas pela PF.

Por orientação dos advogados de defesa de Renan, a ex-mulher do advogado Bruno Miranda Ribeiro Brito Lins - que acusou o presidente do Senado de envolvimento num esquema de propina e desvio de R$3 milhões em ministérios comandados pelo PMDB - , a chefe de cerimonial do Senado, Flávia Garcia, apareceu ontem para dar sua versão do caso. Ela acusou o ex-marido de usar a fragilidade de seu chefe para obter vantagens no processo de separação litigiosa. Os dois estão separados oficialmente desde março de 2006 e o depoimento prestado por Bruno foi feito à Polícia Civil ano passado.