Título: Após se xingarem de tudo, Cesar e Garotinho se unem
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 05/09/2007, O País, p. 5

Representantes dos dois discutem aliança nas eleições municipais contra o PT, partido que tem apoio de Cabral.

Até então adversários viscerais, o prefeito Cesar Maia (DEM) e o ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) ensaiam agora uma parceria rumo a 2008. Em comum, um inimigo: o PT, em fase de crescimento no estado. Na estratégia para garantir prefeituras de peso na Baixada Fluminense e em São Gonçalo, o PMDB e o DEM negociam uma aliança.

- Eles (Cesar e Garotinho) pensam de forma diferente. Mas o importante agora é a possibilidade de termos a prefeitura e o estado sintonizados. Estamos trabalhando pela aliança - disse o deputado federal Rodrigo Maia, presidente nacional do DEM e filho do prefeito.

O namoro incomoda o governador Sérgio Cabral, em fase de lua-de-mel com o presidente Lula. Mas a longo prazo contempla também o projeto político de Cabral: para 2010, o PT é potencial adversário do PMDB na sucessão estadual. O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria (PT), será candidato à reeleição já com o pé na pré-campanha rumo ao Palácio Guanabara.

O prefeito confirmou a aproximação com o PMDB e o compromisso também para 2010. Agora, o nome para a cabeça de chapa seria indicado pelo DEM, que em 2010 apoiaria o nome do PMDB para a sucessão de Cabral. Os peemedebistas apoiariam ainda o nome de Cesar para o Senado.

Para as próximas eleições, o PMDB negociará alianças com os democratas em todo o estado, na tentativa de neutralizar o avanço do PT. O maior foco de preocupação do partido do governador é com Nova Iguaçu e com São Gonçalo, Belford Roxo e Nilópolis onde o PT sinaliza lançar nomes fortes para a sucessão municipal. Nesses municípios, o PMDB indicaria candidatos, com o apoio dos democratas.

Um encontro no domingo, que reuniu, entre outros, o presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciani, e o deputado Rodrigo Maia, tratou do tema. Na segunda-feira, o assunto foi pauta de reunião do PMDB. Garotinho, que resistia à conversa com os democratas, abriu mão da disposição de se lançar candidato - ou indicar um nome ligado a seu grupo - e sublimou os atritos com Cesar Maia em nome da estratégia política do partido. A decisão definitiva será tomada na próxima segunda, no encontro entre os 71 integrantes da executiva regional do PMDB.

- O processo político funciona assim. Estamos em busca de alianças que viabilizem nosso projeto - disse o deputado estadual Paulo Melo, vice-presidente do PMDB do Rio.

Na disputa estadual, o PT ainda não descarta ainda uma aliança com Cabral. Pré-candidatos do partido à sucessão municipal, Edson Santos e Alessandro Molon (deputado estadual) criticaram a aproximação:

- O Cesar percebe que seu ciclo se aproxima do fim e quer evitar uma vitória do PT na capital - afirmou Molon.

- Essa união é um abraço de coveiro. Não deve prosperar - disse Edson Santos.