Título: Lula tentará aproximar países
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Fonte: Correio Braziliense, 11/03/2009, Mundo, p. 21

Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência, confirma que Hugo Chávez deu ¿procuração¿ ao brasileiro para interceder por Caracas durante o encontro com Barack Obama, em Washington

O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, admitiu que o Brasil vai atender à ¿procuração¿ do presidente venezuelano, Hugo Chávez, para interceder a seu favor perante o governo americano. ¿O presidente Chávez tem interesse em uma política de aproximação com a nova administração dos Estados Unidos e pediu publicamente que o presidente Lula o fizesse. E nós vamos fazer, e vamos fazer porque ele pediu. Nós julgamos que isso é bom, porque uma melhor convivência entre países como Estados Unidos e Venezuela é boa para todos¿, explicou o assessor.

Lula vai aos Estados Unidos no fim de semana e tem encontro marcado com Barack Obama, em Washington, no sábado. Entre os temas da conversa, estarão também biocombustíveis e protecionismo comercial. Garcia disse ainda que não há previsão de que Lula faça alguma mediação entre Estados Unidos e Cuba, pois o Brasil só poderia proceder dessa forma se alguma das partes formalizasse o pedido. ¿Nem os Estados Unidos nos pediram nada a respeito, nem Cuba. Se o tema vier à tona, obviamente o presidente não se furtará a repetir o que ele tem dito. E ele tem dito que é importante uma mudança de postura do governo norte-americano em relação a Cuba. Uma dessas mudanças pode ser levantar ou atenuar o bloqueio¿, explicou.

Chávez já tinha dito que autorizou o presidente brasileiro a conversar sobre as tumultuadas relações entre Estados Unidos e Venezuela. Apesar das boas relações comerciais entre os países ¿ Caracas é um dos principais fornecedores de petróleo para os norte-americanos ¿, Chávez acusa a Casa Branca de apoiar dirigentes opositores e prejudicar governos esquerdistas na região.

Hispânicos Obama fez ontem seu primeiro discurso especificamente para a comunidade hispânica desde que tomou posse, em 20 de janeiro. O tema foi educação. Ele apresentou o plano de reforma do setor e disse que ¿o lugar dos Estados Unidos como líder se encontra em perigo¿. Além de recuperar a supremacia do país na área educacional, o presidente também visa acabar com as injustiças no ensino que afetam minorias, principalmente os latinos. O programa proposto por Obama prevê melhorias do jardim de infância à pós-graduação. De acordo com a estratégia, o horário escolar será mais longo e mais recursos serão dedicados a pagamentos adicionais aos professores, por meio de um sistema de méritos. O financiamento do programa será feito com o dinheiro proveniente do plano de estímulo econômico de US$ 787 bilhões, aprovado no mês passado, além do montante economizado com o corte de projetos que se mostraram ineficientes.

¿A relativa deterioração da educação americana é insustentável para nossa economia, para nossa democracia e inaceitável para nossos filhos¿, enfatizou Obama na Câmara do Comércio Hispânica, em Washington. De acordo com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, o custo por estudante nos EUA é um dos maiores dentre as nações industrializadas. Porém, o país é o último colocado em avaliações de leitura, matemática e ciências nesse grupo.