Título: Gautama: Minas e Energia arquiva processo contra ex- funcionários
Autor: Araújo, José e Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 05/09/2007, O País, p. 8

Investigação não encontra provas contra acusados de participar de fraude.

BRASÍLIA. O Ministério de Minas e Energia arquivou o processo administrativo aberto sobre os ex-servidores Ivo Almeida Costa e José Ribamar Lobato Santana, acusados de envolvimento com o esquema de fraudes em licitações comandado pela construtora Gautama, de Zuleido Veras. Os funcionários foram acusados de envolvimento no suposto pagamento de propina ao então ministro Silas Rondeau, mas a investigação interna concluiu que não há provas contra eles.

A Polícia Federal sustentou que o ex-ministro teria recebido R$100 mil da Gautama em troca de favorecimento. Silas nega e, em dúvida sobre as evidências apresentadas na investigação, o Ministério Público Federal já atrasou em mais de dois meses a conclusão da denúncia, que será oferecida à Justiça contra os presos na Operação Navalha, deflagrada em maio pela PF. As procuradoras Lindora Araújo e Célia Regina aguardam a conclusão de duas perícias, mas a tendência é que Silas fique de fora.

Reintegração dos funcionários ao ministério não foi discutida

No despacho que determina o arquivamento do processo, o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, disse que "não foi comprovada a culpabilidade dos ex-servidores". A possibilidade dos dois serem reintegrados ao ministério não foi analisada, segundo a assessoria, porque ocupavam cargos de confiança. Caso eles fossem funcionários, seria automático. A decisão foi publicada ontem no Diário Oficial da União.

Assessor do então ministro Silas Rondeau, Ivo foi afastado em meio ao escândalo desvendado pela operação Navalha, depois de ser preso. Ivo aparece em vídeo gravado pelas câmeras de segurança do ministério recebendo um papel da diretora financeira da Gautama, Maria de Fátima Palmeira, no dia 13 de março deste ano. Fátima também foi presa pela PF durante a operação. "Apurou-se ainda que, no dia 13 de março, o ministro Silas Rondeau recebeu R$100 mil entregues por Maria de Fátima por meio de Ivo de Almeida", dizia o relatório da PF.

Ivo Almeida Costa havia assumido a função de assessor especial em 2005, quando Silas foi indicado para o Ministério. Funcionário de carreira da Eletronorte, começou na empresa como mensageiro ainda na década de 80. Depois se formou em Administração e passou para o cargo de auxiliar administrativo. Nos últimos 10 anos, foi assessor do gabinete de vários presidentes da Eletronorte, entre eles, Silas Rondeau. Em 2004, foi gerente da assessoria de planejamento estratégico da empresa. Ocupou vários cargos de confiança na Eletronorte.