Título: Tuma Jr. será secretário nacional de Justiça
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 05/09/2007, O País, p. 14

Delegado e ex-deputado vai comandar departamento que cuida de classificação indicativa; Tarso nega indicação política.

BRASÍLIA. O ex-deputado estadual Romeu Tuma Júnior (PMDB-SP) deverá assumir, até segunda-feira, o comando da Secretaria Nacional de Justiça. Tuma Júnior foi convidado para o cargo pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, como antecipou Tereza Cruvinel em sua coluna de ontem no GLOBO. Tuma ocupará a vaga deixada pelo ex-deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), novo secretário nacional de Segurança Pública. O ministro negou que Tuma Júnior tenha sido indicado para o cargo pelo senador Romeu Tuma (DEM-SP), pai do ex-deputado.

- Chegamos ao nome dele a partir de conversas com vários gestores - disse Tarso.

Um dos órgãos subordinados à secretaria a ser comandada por Tuma Júnior é o Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação. Cabe a esse departamento cuidar da classificação indicativa de programas de televisão e filmes. A polêmica portaria que criou novas regras para a classificação foi elaborada por esse departamento.

Segundo o ministro, Tuma Júnior, delegado da Polícia Civil de São Paulo, destacou-se no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. Tuma coordenou a força-tarefa encarregada da investigação da máfia dos fiscais em São Paulo, entre 1998 e o ano 2000, um dos maiores escândalos da prefeitura da cidade naquele período. Romeu Tuma Júnior foi delegado da Polícia Civil por 20 anos. Entre 2003 e o início deste ano, ele ocupou uma cadeira na Assembléia Legislativa de São Paulo como deputado do PMDB.

Romeu Tuma Júnior foi escolhido por Tarso na semana passada. Na segunda-feira, os dois tiveram uma longa conversa no Ministério da Justiça. Tuma Júnior disse que conhece muito bem a área em que irá trabalhar. Uma de suas metas, segundo ele, será intensificar a cooperação internacional para recuperar o dinheiro da corrupção desviado para contas no exterior, principalmente para paraísos fiscais. Ele argumenta que, se for necessário, denunciará em fóruns internacionais países que não cooperam com as investigações criminais brasileiras.

Hoje, boa parte das buscas esbarram na burocracia jurídica.

- Vamos aumentar o intercâmbio internacional, criar novos acordos e pressionar de uma forma transparente e legítima - disse Tuma.

Com a nomeação de ex-deputado, Tarso conclui as mudanças mais importantes na cúpula da segurança, iniciadas com a transferência do ex-diretor da Polícia Federal Paulo Lacerda para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Fernando Corrêa para a direção da PF.