Título: Previsão hoje é de corte de 0,25 ponto na Selic
Autor: Batista, Henrique Gomes e Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 05/09/2007, Economia, p. 27

Mas redução no ritmo não muda tendência de queda da taxa.

O Comitê de Política Monetária (Copom) encerra hoje o encontro deste mês - que ontem, em seu primeiro dia, dedicado às exposições, durou apenas uma hora e 50 minutos. A avaliação majoritária dos agentes econômicos é que a taxa básica de juros, a Selic, passará dos atuais 11,5% para 11,25% anuais, diminuindo o ritmo das duas reuniões anteriores, com cortes de 0,5 ponto percentual.

A diferença de expectativa neste ano, de 0,25 ponto, é mais uma diferença simbólica, na avaliação do economista-chefe do West LB no Brasil, Roberto Padovani, mostrando que o Banco Central (BC) terá autonomia para brecar movimentos mais bruscos de inflação, como acontece neste momento. Para ele, nem o crédito nem o setor produtivo sofrerão forte impacto, já que a tendência da Selic ainda é de queda a médio prazo.

A preocupação maior dos analistas recai sobre o comportamento da inflação, que ganhou corpo nas últimas semanas por conta da elevação de preços dos alimentos. Além disso, a atividade econômica também vem crescendo, aumentando os riscos de a demanda superar a oferta e, assim, gerar mais inflação. Pelo Focus, por exemplo, o mercado elevou ainda mais a expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, de 4,64% para 4,70%.

Para os empréstimos, avalia o vice-presidente da Anefac (associação que reúne os executivos de finanças), Miguel de Oliveira, a possível menor redução da Selic neste ano também não pega em cheio o bolso dos consumidores. Segundo ele, para cada 0,25 ponto percentual mexido na Selic, os juros dos empréstimos mexem apenas 0,02 ponto. Ou seja, numa taxa de cheque especial de 138% ao ano, por exemplo, passaria quase despercebida em caso de alta ou baixa da Selic.

- São diferenças de centavos apenas. Mas o fato é que o BC pode manter os juros caindo 0,5 ponto - defende Oliveira.

Expectativa é que o Fed também corte taxa

O cenário internacional também pesa na atual conjuntura econômica, mas não é dito como fator fundamental para a política monetária. Nem mesmo o fato de esta reunião do Copom ser próxima ao encontro do Fed (banco central dos EUA), que está marcado para o próximo dia 18 e também está envolto em expectativas devido à crise no mercado imobiliário americano. De modo geral, os especialistas esperam que o Fed reduza sua taxa.

- O BC (brasileiro) deve olhar mais o cenário interno, especificamente para onde está indo a inflação - avalia o economista-chefe do BNP Paribas, Alexandre Lintz. (Patrícia Duarte)