Título: Proximidade com ministério tira a autonomia do Inep
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 21/09/2008, O País, p. 17

Todos os indicadores relevantes passam pela mesa de Haddad

BRASÍLIA. Instalado atualmente num andar do prédio anexo ao MEC, o Inep está prestes a ocupar uma nova sede, um edifício alugado na região central de Brasília. Por falta de espaço, uma das diretorias do instituto funciona hoje na antiga sede do PT, em Brasília, no Edifício Varig. A mesa de reuniões continua a mesma, mas a estrela vermelha do partido foi retirada por ordem de Reynaldo Fernandes:

- Imagina, alguém vai lá, vê, e seríamos acusados de partidarizar o órgão.

O Inep produz os indicadores que norteiam a política educacional do MEC. São tantas siglas que seria possível fazer uma sopa de letras.

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) estabeleceu as metas de melhoria da qualidade até 2021, quando o governo espera que o país atinja o nível das nações desenvolvidas. No ensino superior, o novo Conceito Preliminar de Cursos (CPC) e seu derivado Índice Geral de Cursos (IGC) vão orientar o licenciamento de novos cursos e instituições.

Tamanha proximidade com o ministério tira parte da autonomia do órgão. Enquanto o IBGE é capaz de divulgar dados primeiramente à imprensa e só depois aos demais órgãos, nenhum indicador relevante é anunciado pelo Inep sem passar antes pela mesa do ministro da Educação, Fernando Haddad.

- O Inep tem proximidade com o MEC. A gente faz muita coisa para o ministério. Em relação à parte técnica das avaliações, a autonomia é total - diz Fernandes.