Título: Alckmin agora diz que Kassab quer destruir PSDB
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 24/09/2008, O País, p. 8

Ex-governador afirma que prefeito tem como única estratégia minar partido tucano "para se manter no poder"

Adauri Antunes Barbosa

SÃO PAULO. A 12 dias da eleição, o ex-governador de São Paulo e candidato a prefeito Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a disparar pesado ontem contra seu adversário Gilberto Kassab (DEM), a quem acusou de tentar destruir o PSDB, de ser dissimulado e de querer "se passar por tucano".

- Estamos vendo por parte do Kassab o tempo inteiro uma dissimulação. (...) E agora quer se passar por tucano. O Kassab é dissimulado. Usa as pessoas. Sua estratégia é desconstruir o PSDB de São Paulo para se promover. (...) Sempre falei que não tem problema o DEM ter candidato próprio. Mas quero lamentar aqui o fato de que, desde o início, o Kassab, que chegou indiretamente à prefeitura pelo PSDB, só tenha uma estratégia: destruir o partido que o levou à prefeitura. (...) Não é correto ter como estratégia única e exclusiva minar um outro partido para se manter no poder, parece deplorável - disse o tucano durante sabatina na "Folha de S.Paulo".

Alckmin acusou Kassab - que era vice e assumiu a prefeitura quando o titular, José Serra (PSDB), renunciou ao mandato para disputar o governo do estado - de ser o responsável pela divisão no PSDB. Também afirmou que o adversário tenta manipular a opinião pública dizendo ser apoiado por Serra.

- Tem tido uma ação do prefeito dissimulada para confundir a opinião pública e dizer: "olha, sou meio tucano". A estratégia do Kassab tem sido dividir o PSDB, estimular uma intriga interna e usar as pessoas no PSDB. (...) E faz isso através de terceiros, desde antes da convenção do PSDB até agora.

O ex-governador usou verbos como minar e destruir para descrever a ação do atual prefeito em relação ao PSDB:

- Ele usa as pessoas do PSDB, usa para minar, usa para destruir, para criar discórdia. (...) Utiliza a máquina da prefeitura para minar o partido.

Apesar do bombardeio político, Geraldo Alckmin voltou a negar que esteja partindo para ataques pessoais.

- Não mudei nada. Não faço ofensa, apenas apresento os fatos. (...) Se dependesse do Kassab, em 1998 o governador seria Maluf - disse, referindo-se ao apoio do atual prefeito ao então candidato a governador Paulo Maluf (PP), que na época perdeu a eleição para o tucano Mario Covas.

Ao comentar a saia justa em que está envolvido Serra, que manifesta apoio aos candidatos do PSDB e do DEM, Alckmin desconversou e afirmou que continuará apoiando o governador porque os tucanos são "uma família". Ele disse que Serra é companheiro.

- É preciso não manipular a opinião pública. Kassab apoiou o Pitta, o Maluf, agora está ao lado de Quércia. E quer se passar por tucano? O partido é uma família.

Para Alckmin, que falou na cooptação de tucanos pelo DEM de Kassab, a suposta atração de vereadores do PSDB deve ser investigada.

- A cooptação de vereadores é vergonhosa.

Justiça não pune Kassab por usar adesivo tucano

O adesivo "Sou tucano, voto Kassab", que tem o desenho do pássaro, não é ilegal, conforme decisão do juiz auxiliar da propaganda da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Francisco Carlos Shintate. Ele julgou improcedente representação da coligação de Alckmin que pedia a aplicação de multa a Kassab por propaganda eleitoral irregular. Segundo o PSDB, que requisitou à Justiça que o DEM fosse proibido de utilizar o símbolo tucano, a propaganda não tem informações obrigatórias, como o nome da coligação, partidos e CNPJ.

Em liminar concedida no dia 19, a juíza Maria Sílvia Gomes Sterman havia determinado a apreensão da propaganda pela ausência dos dados obrigatórios (CNPJ, por exemplo), mas não foram encontrados adesivos nos comitês de campanha de Kassab. O prefeito alegou em sua defesa que não tinha conhecimento do material. Na sentença de ontem, o juiz Carlos Shintate afirma que não há provas de que o candidato ou sua coligação tenham mandado confeccionar e distribuir os adesivos que desagradaram ao PSDB.