Título: Percepção de corrupção ainda é alta no Brasil
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 24/09/2008, O País, p. 11
Ministro desqualifica relatório feito por ONG internacional
Jailton de Carvalho
BRASÍLIA. A ONG Transparência Internacional divulgou ontem relatório em que o Brasil aparece em 80º lugar na lista dos países com os mais altos índices de percepção de corrupção. Pelo documento, o país caiu oito posições em relação ao ranking divulgado ano passado. Com um índice de 3,5 na tabela - mesma nota registrada em 2007, o Brasil está em pior situação que países como pobres como Butão, Botsuana, Gana e Seichelles. Na América do Sul, aparece acima de Argentina, Bolívia, Paraguai, Equador e Venezuela. Segundo a ONG, a mudança de posição no ranking pode ser provocada pela alteração da nota em outros países.
A divulgação do relatório provocou forte reação do governo brasileiro. O ministro da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, o classificou como "farsa política". Para o ministro, os índices de percepção de corrupção são idéias abstratas que nada dizem sobre a realidade do país. Hage argumenta que esse tipo de levantamento confunde o grau de conhecimento de determinados segmentos sobre irregularidades com a corrupção.
- A Transparência Internacional não conhece nada do Brasil, nunca vem aqui, ignora completamente o que aqui se faz e fica dando palpite a distância, sem fazer nenhuma pesquisa real sobre corrupção nem sobre o combate à corrupção. O que eles dizem medir, e nem isso medem, pois o que fazem é uma mixórdia de cálculos incoerentes a partir de medições de terceiros, de outras instituições, cada uma com seus próprios e diferentes critérios, são apenas percepções sobre corrupção - disse Hage.
Para fazer o ranking, a Transparência Internacional recolhe opiniões de pessoas e instituições sobre o que elas pensam em relação à corrupção. Para Hage, o resultado desse tipo de pesquisa é um só: a tendência seria o problema parecer mais evidente em países onde órgãos oficiais e imprensa estão lidando com o assunto diariamente, como seria o caso do Brasil. Segundo o ministro, o assunto entrou na ordem do dia depois que o governo Lula fortaleceu a Controladoria-Geral e a Polícia Federal, entre outros órgãos de combate à corrupção.
- É óbvio que a percepção sobre a corrupção aumenta quando se ouve falar mais do assunto - disse Hage.
Na lista, Dinamarca, Suécia e Nova Zelândia aparecem com os menores índices de percepção de corrupção. Haiti, Mianmar, Iraque e Somália estão entre os países com os mais altos índices. Os índices são calculados em 180 países com base numa escala de zero a dez.