Título: Alta do dólar faz dívida federal subir
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 25/09/2008, Economia, p. 26

Total aumentou 1,66% em agosto, de R$1,298 tri para R$1,319 tri

Henrique Gomes Batista

BRASÍLIA. A forte desvalorização do real frente ao dólar - intensificada pela crise financeira global - já é percebida nos números da dívida pública federal, tanto em seu valor total como em seu custo. A Secretaria do Tesouro Nacional informou ontem que o total da dívida aumentou 1,66% em agosto em relação a julho. O valor passou de R$1,298 trilhão em julho para R$1,319 trilhão no mês passado. A parcela da dívida externa foi a que sofreu maior elevação: 3% sobre o mês anterior. O montante passou de R$93,5 bilhões para R$96,3 bilhões em agosto.

Segundo o Tesouro, como em setembro o real se desvalorizou mais ante o dólar, esta parcela da dívida tende a ser ainda maior no balanço do mês, que será divulgado no fim de outubro. O Tesouro não deu resultados parciais para setembro.

- Temos que lembrar, contudo, que a nossa situação é de credor internacional, ou seja, a dívida é menor que as reservas internacionais - afirmou Fernando Garrido, coordenador-geral adjunto da Dívida Pública do Tesouro Nacional.

A dívida interna cresceu 1,56%, passando de R$1,204 trilhão em julho para R$1,223 trilhão no mês passado. Segundo o Tesouro, houve a emissão líquida de R$6,1 bilhões em títulos públicos. No total, foram emitidos R$20,8 bilhões em papéis no mês passado. Este patamar deve ser repetido em setembro, segundo Garrido.

O Tesouro informou que houve redução na dívida que vence em 12 meses: passou de 23,84% em julho para 23,44% em agosto. A composição pouco se alterou. A liderança ainda continuou com os papéis atrelados à Selic (34,2%), seguidos de papéis prefixados (29,15%) e papéis atrelados à índices de preços (27%).

Por causa da crise internacional, o custo médio da dívida federal passou de 12,48% ao ano em julho para 15,02% ao ano em agosto. Apesar disso, o custo caiu no acumulado em doze meses. Em julho, o custo estava em 12,23% ao ano e passou para 11,95% ao ano em agosto.

Garrido admitiu que a crise financeira internacional afeta a gestão da dívida e disse que, nas semanas de maior volatilidade internacional, o Tesouro Nacional opta por realizar leilões menores e com prazos também menores. O prazo médio da dívida em agosto foi de 42,66 meses, contra 43,41 meses em julho.