Título: FMI: custo da crise chegará a US$1,3 trilhão
Autor:
Fonte: O Globo, 25/09/2008, Economia, p. 28

ABALO GLOBAL: Instituição também reduz seu prognóstico de crescimento econômico global para este ano

Fundo eleva em 30% sua previsão de impacto nos mercados, após a intensificação da turbulência financeira

WASHINGTON. O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou ontem para US$1,3 trilhão sua previsão de custo da crise para as instituições financeiras - um aumento superior a 30% com respeito ao cálculo anterior. O diretor-gerente do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, disse que a nova estimativa supera amplamente os US$700 bilhões sugeridos no pacote de resgate.

- Há mais por vir - disse Strauss-Kahn na sede do FMI, em Washington.

Posteriormente, o número dois do organismo, John Lipsky, deu mais detalhes desse cálculo, em um discurso na Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla). Lipsky disse que os bancos europeus e americanos perderão entre US$640 bilhões e US$735 bilhões por causa da desvalorização dos ativos, sobretudo aqueles em dólares.

Ao considerar os prejuízos para outras instituições, o rombo subiria para US$1,3 trilhão, englobando todo o sistema financeiro, disse ele. Em abril, o FMI estimara o custo da crise em US$945 bilhões, equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos por um país) do México.

FMI: países emergentes não estão descolados da crise

Em seu discurso, Lipsky afirmou que a crise financeira levou o FMI a reduzir modestamente suas perspectivas de crescimento mundial, mas isso não impedirá uma recuperação gradual em 2009, pela avaliação do organismo. O vice-diretor-gerente não forneceu números, uma vez que o Fundo ainda divulgará seus novos prognósticos.

Em julho, a instituição elevou em quatro décimos seus cálculos de crescimento mundial para este ano, para 4,1%, e aumentou em um décimo sua cifra para 2009, que permaneceu em 3,9%.

Lipsky disse que o esfriamento da economia ocorre em todo o planeta, não apenas nos países desenvolvidos, discordando da tese de que as nações emergentes estariam de algum modo descoladas das tribulações financeiras de seus vizinhos ricos. Nesses países, segundo o Fundo, existe agora o risco de que se interrompa a entrada de capital externo, acrescentou ele.

Lipsky acrescentou que a crise econômica iniciada nos EUA agora se espalha por Japão e Europa. Segundo ele, "com a queda do setor imobiliário no Reino Unido, Irlanda e Espanha, aumenta a preocupação sobre o efeito em seus sistemas financeiros".