Título: Brasil é quinto maior destino de investimentos
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 25/09/2008, Economia, p. 29

ABALO GLOBAL: Mercado brasileiro só perde para China, Índia, Estados Unidos e Rússia, diz pesquisa da Unctad

Crise financeira global reduz recursos externos, mas país se mantém como destino preferido na América Latina

Aguinaldo Novo e Deborah Berlinck*

SÃO PAULO E GENEBRA. Com a crise financeira global, as multinacionais já planejam reduzir os investimentos programados para os próximos três anos, mas o Brasil ainda aparece como o quinto destino preferido no mundo e o maior na América Latina. É o que mostra pesquisa divulgada ontem pela Conferência da ONU para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). Pela pesquisa, feita entre abril e junho com 226 das maiores empresas multinacionais, o Brasil está atrás de China, Índia, Estados Unidos e Rússia. Mas a citação ao país como destino dos investimentos subiu de 12% em 2007 para 22% este ano. Só Brasil e Rússia ganharam espaço na preferência de investidores.

Para o secretário-geral da Unctad, Supachai Panitchpakdi, os países emergentes não ficarão imunes ao choque de liquidez esperado para os próximos anos, mas ainda reúnem fatores de atração (como mercado doméstico em alta e produção de commodities) que garantiriam melhor retorno.

Brasil sobe no ranking geral e dos emergentes

A previsão da entidade é que o fluxo global de investimentos diretos desabe 12,7% já neste ano, depois de atingir o recorde histórico de US$1,833 trilhão em 2007 (valor 29,9% superior a 2006). A retração poderá ser maior nos próximos anos.

Em 2007, beneficiado por um quadro de forte liquidez internacional e aumento de preços das commodities, o Brasil subiu de 22º lugar para o 14º no ranking geral de países que mais recebem investimentos diretos e de 8º para o 4º entre as economias emergentes. Em 2007, o volume de investimentos no país chegou a US$34,6 bilhões, o que representou um aumento de 83,7% em relação a 2006. Entre os emergentes, a liderança continua com a China, com US$83,5 bilhões.

Responsável pela divulgação dos dados da Unctad no país, a Sociedade de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet) estima entre US$35 bilhões e US$40 bilhões o volume de investimentos que o país poderá receber neste ano. Até agosto, a soma chegava a US$24,6 bilhões. Para 2009, a primeira estimativa é de um ingresso de US$35 bilhões. O presidente da Sobeet, Luís Afonso Lima, diz que a redução de liquidez internacional poderia ser compensada por um maior número de acordos bilaterais que favoreçam o investimento direto.

Os Estados Unidos continuaram como o destino favorito dos investidores no ano passado, mesmo depois da crise das hipotecas de alto risco. Segundo Anne Miroux, uma das autoras do relatório, os países que vão pagar a maior parte da conta são os que mais precisam: os mais pobres. A redução dos investimentos estrangeiros afetarão também o investimento doméstico nestes países.