Título: Novo Ipea dará suporte a Mangabeira
Autor: Novo, Aguinaldo; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 25/09/2008, Economia, p. 31

Pochmann afirma que estudos sobre defesa podem ter um "viés de inteligência"

Gustavo Paul

BRASÍLIA. Subordinado desde 2007 à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, chefiada pelo ministro Mangabeira Unger, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) vai ampliar sua área de atuação para dar sustentação técnica aos projetos da pasta e para se transformar numa espécie de banco de dados do governo federal. O novo escopo vai incorporar estudos nas áreas da defesa, meio ambiente e fortalecimento das instituições. E, pela primeira vez, haverá um setor voltado para área internacional.

- Temos de considerar nossa inserção na economia internacional, olhando o Brasil de dentro para fora e de fora para dentro. O Ipea é a única instituição que está compactuando com o planejamento de longo prazo, e vamos aumentar nosso enfoque nisso - disse Márcio Pochmann, presidente do Ipea.

Entre as missões, passará a constar a "contribuição para o planejamento do desenvolvimento brasileiro". Serão contratados por concurso 80 funcionários - 62 pesquisadores - , entre eles especialistas em relações internacionais, sustentabilidade ambiental e proteção social. Segundo Pochmann, historicamente o Ipea nunca destacou estudos sobre sustentabilidade ambiental, consolidação da democracia e fortalecimento do Estado.

Pochmann admitiu que os estudos na área da defesa podem ter um "viés de inteligência", referindo-se às análises geopolíticas do tema. Esse é um dos principais focos de Mangabeira, que prepara o Plano Nacional de Defesa.

- Não se pode pensar em autonomia energética sem pensar na área da defesa. Essa área não pode ser tratada apenas como uma questão militar, tem de ter especialistas pensando. Inserção internacional não é só comércio exterior. É migração, por exemplo - disse Pochmann.

Também para dar sustentação ao Plano Amazônia Sustentável (PAS), outro xodó de Mangabeira, o Ipea terá, pela primeira vez, representações regionais provisórias: em Natal, para atividades ligadas ao Nordeste, e em Belém, para o Norte. Pochmann explicou que a escolha é fruto da articulação do ministro com governadores.

A partir de 2009, serão feitos estudos periódicos sobre as políticas de governo, com parcerias com vários órgãos federais. Um dos estudos será sobre como serão os bancos públicos nas próximas duas décadas.

Pochmann, que em 2007 se envolveu em uma polêmica depois do afastamento de pesquisadores críticos de políticas do governo Lula, ressaltou que a instituição continuará fazendo pesquisas voltadas para a macroeconomia. Mas não voltará a fazer previsões econômicas.