Título: Mantega: novas medidas podem ser adotadas
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 26/09/2008, Economia, p. 27

Para ministro, dólar está em patamar "mais adequado"

RIO e NOVA YORK. O governo continua acompanhando de perto os desdobramentos do cenário externo e não descarta a adoção de novas medidas para garantir o bom funcionamento do mercado nacional, disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele voltou a afirmar que a economia brasileira segue forte e ponderou que o governo não tem nenhum pacote em estudo.

- O governo está atento e vigilante para os problemas que vão se criar. Se faltar crédito e liquidez tomaremos as medidas - disse ele, acrescentando que o pacote de resgate proposto pelo Tesouro dos EUA pode reconstituir as linhas de crédito no mundo.

Em entrevista a correspondentes estrangeiros na sede do Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro, Mantega afirmou que a crise fez com que o dólar atingisse um patamar mais adequado em relação ao real e diminuiu a preocupação do governo com a inflação.

- Ele (câmbio) estava muito defasado e o real excessivamente valorizado, (e) agora acho que o real não está mais tão valorizado e ele está mais adequado às condições e expressa melhor as condições da economia brasileira - disse.

O ministro acredita que, com o câmbio mais valorizado, as exportações vão aumentar em valor e as importações tendem a diminuir, reduzindo os impactos sobre o déficit em conta corrente. Outro efeito positivo, segundo o ministro, foi sobre a inflação.

Na avaliação do ministro, a crise afetou os preços das commodities, que vinham subindo fortemente e carregando consigo os índices de preços. Com a desaceleração destes preços, Mantega acredita que a preocupação com o comportamento dos índices inflacionários, tanto no Brasil, quanto no resto do mundo, diminuiu.

Amorim: G-20 quer discutir crise

Já o ministro Celso Amorim disse ontem que uma das prioridades do Brasil para debater a crise será o encontro do G-20 do Fundo Monetário Internacional, em outubro. Ele acha que a crise pode abrir caminho para uma reforma decisiva dos organismos internacionais:

- Esta crise mostrou que precisamos ter a supervisão de entidades internacionais sobre o mercado financeiro. Entidades como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial foram criadas, originalmente, para evitar a repetição de crises como a de 1929, crises que levaram inclusive à Segunda Guerra Mundial. Não só para supervisionar países em desenvolvimento. E agora é fundamental que tenham a capacidade de supervisionar também a economia dos ricos, coisa que elas nunca fizeram - disse Amorim.

AMERICANOS VÃO ÀS RUAS CONTRA PLANO DE BUSH, na página 28