Título: BC deve reduzir ritmo de alta da taxa de juros
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 26/09/2008, Economia, p. 27

Para analistas, alívio em compulsório de bancos para aumentar liquidez do mercado abre espaço para elevação de 0,5 ponto

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Patrícia Duarte

BRASÍLIA. A decisão de dar mais liquidez ao mercado, tomada anteontem pelo Banco Central (BC) ao reduzir parte dos compulsórios dos bancos, abriu mais espaço para um afrouxamento da atual política monetária. Pelo menos é o que pensa parte do mercado e até do governo, que enxergam essa injeção de recursos de R$13,2 bilhões como sinal de que o crédito no país já dá sinais de cansaço e, conseqüentemente, com impacto na demanda interna. Junta-se a isso a própria crise internacional, que deve frear a atividade econômica no mundo todo, inclusive no Brasil.

Assim, foi reforçada a perspectiva de que o Comitê de Política Monetária (Copom), em outubro, já vai tirar o pé do acelerador e elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, para 14,25% ao ano. Em julho e setembro, a puxada foi de 0,75 ponto. Neste mês, a decisão já veio dividida, com três dos cinco diretores defendendo alta de 0,5 ponto. O processo de alta começou em abril para segurar a inflação. Parte da equipe econômica aproveita o momento para fazer pressão sobre o BC por aumentos menores de juros.

O economista-chefe do West LB, Roberto Padovani, diz que, se a crise se arrastar até o fim do ano, de fato o BC poderá reduzir o ritmo de alta da Selic.

Na quarta-feira passada, o BC anunciou que estava ampliando de R$100 milhões para R$300 milhões o valor a ser deduzido do compulsório adicional que os bancos têm de recolher junto ao BC de seus depósitos a prazo, à vista e de poupança. Assim, liberou R$5,2 bilhões. Também adiou de janeiro para março a vigência das alíquotas maiores ¿ de 20% e 25% ¿ que incidiriam sobre recursos das empresas de leasing que ficam depositados em outros bancos, liberando mais R$8 bilhões.