Título: Presidente do PSDB diz que briga entre tucano e Kassab já passou do limite
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 27/09/2008, O País, p. 12

Em nota, Quércia afirma que Alckmin é um "traidor frio e mesquinho"

RECIFE e SÃO PAULO. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, afirmou ontem que a briga entre os candidatos a prefeito de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) passou do limite. O senador já não esconde o temor de os prejuízos resvalarem para o segundo turno, beneficiando a candidata do PT, Marta Suplicy.

- Há grande indignação com essa briga. A sociedade não gosta disso. Até porque o partido tem um candidato que foi escolhido em convenção, com uma vantagem de mil votos - disse, referindo-se aos dissidentes do PSDB que apóiam Kassab:

- A dissidência dos companheiros está muito equivocada e isso não só enfraquece os candidatos, como a nós todos. Nosso adversário, hoje, é o PT. Hoje, se fôssemos ao segundo turno, ganharíamos de Marta. Mas se a gente fica brigando, não sei se a sociedade entende isso.

Em São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia, presidente estadual do PMDB e aliado de Kassab, atacou Alckmin. Disse que ele tem "personalidade duvidosa" e o chamou de "traidor frio e mesquinho". Ele acusa Alckmin de tentar destruir uma "aliança elaborada com competência e sabedoria pelo PSDB e os democratas (DEM) para eleger José Serra presidente em 2010".

Quércia acusa Alckmin de tentar destruir aliança

Em nota, Quércia afirmou: "Ele (Alckmin) usou a força do governo de São Paulo para se impor como candidato a presidente em 2006, atropelando o candidato natural e amplamente favorito José Serra. Agora, tendo uma alternativa natural de candidatura a governador em 2010, apoiado por todos, novamente o senhor Alckmin resolve se impor como candidato a prefeito para tentar destruir uma aliança elaborada com competência e sabedoria pelo PSDB e os democratas para eleger José Serra presidente em 2010".

Quércia entrou na guerra contra Alckmin por ter sido citado pelo tucano. "Prefiro ver meu nome vinculado ao (ex-prefeito Celso) Pitta do que a um traidor frio e mesquinho como o sr. Alckmin", disparou.

Ainda defendendo a candidatura Serra para 2010, Quércia disse que Alckmin quer "posar de vítima". "No dia-a-dia da sua campanha elabora uma maquinação mesquinha e traiçoeira entre as lideranças nacionais do PSDB, pretendendo posar de vítima, para dividir o partido e novamente atingir José Serra", disse na nota divulgada ontem.

Ao saber da manifestação, Alckmin desdenhou:

- Não vou perder tempo com Quércia. É problema do Kassab. Ele é aliado do Kassab.

Marta esquivou-se de comentar se a polêmica entre Alckmin e Quércia pode facilitar um possível acordo com o PMDB no segundo turno. Na liderança de todas as pesquisas de opinião, Marta alfinetou os adversários:

- Vejo que as brigas vão aumentando, o volume vai ficando maior, vai indo além dos meros partidos, agora agrega outros partidos - disse ela, em caminhada pelo centro comercial de São Mateus (Zona Leste).