Título: Comissão de Anistia aprova reparação de R$99 mil para ex-ministro Nilmário
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Fonte: O Globo, 27/09/2008, O País, p. 14

Religiosos perseguidos pela ditadura também serão indenizados

BRASÍLIA. A Comissão de Anistia reconheceu ontem a condição de anistiado político do ex-ministro Nilmário Miranda, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, e aprovou o pagamento de prestação única de R$99,6 mil. O valor máximo desse tipo de indenização é de R$100 mil. Nilmário viveu na clandestinidade e ficou três anos preso.

- Mas não tenho traumas. Sabia do risco de enfrentar uma ditadura - disse ele.

A comissão também concedeu anistia a religiosos perseguidos pela ditadura e aprovou pagamento de reparação econômica em vários casos, entre eles do pastor americano Frederick Morris, que foi deportado do Brasil em 1974, depois de ter sido preso e submetido a torturas. Ele terá direito a uma prestação mensal de R$2 mil e o pagamento de R$286 mil de atrasados.

A sessão ocorreu na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O arcebispo emérito da Paraíba, dom Marcelo Carvalheira, acusado de esconder ativistas considerados subversivos nos seminários, preso e torturado, receberá uma indenização única de R$100 mil.

A maior indenização foi concedida a Eliana Bellini Rollemberg, ex-diretora da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese), que reúne integrantes de várias igrejas. Eliana foi torturada por 20 dias e ficou com seqüelas físicas e psicológicas. Vai receber R$714 mil de indenização e prestação mensal de R$4,7 mil.

O presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio, defendeu a punição para militares que torturaram durante a ditadura:

- Anistia não é sinônimo de impunidade, é de reconciliação. É preciso, porém, que os culpados sejam conhecidos e que, após julgamento justo e legal, sejam punidos. Não podemos acobertar os crimes com o pretexto do perdão.