Título: Divergência nos números e na metodologia
Autor:
Fonte: O Globo, 28/09/2008, O País, p. 3
Diretores de Ibope e Datafolha explicam diferenças; Cesar critica qualidade das pesquisas
O Datafolha e o Ibope deram versões diferentes para a discrepância entre os resultados das pesquisas divulgadas ontem. Para explicar por que Marcelo Crivella (PRB), em segundo lugar, está com 14 pontos percentuais a mais que Fernando Gabeira (PV) no Ibope, e apenas três a mais no Datafolha, representantes dos institutos disseram que há diferenças na metodologia e nos dias em que os pesquisadores foram às ruas. Alegaram, também, que há especificidades no perfil dos eleitores de Crivella e Gabeira, que disputam com Jandira uma vaga no segundo turno.
O Ibope colhe dados dentro das residências dos eleitores ou em locais próximos aos seus domicílios, já o Datafolha entrevista as pessoas nas ruas e em todos os bairros da cidade. A diretora executiva de Atendimento e Planejamento do Ibope, Márcia Cavallari, diz que Crivella permanece hoje no patamar de 22% a 24%, por mais que a pesquisa do Datafolha seja mais recente ¿ foi feita nos dias 25 e 26 de setembro, enquanto a do Ibope entrevistou eleitores entre os dias 23 e 25.
¿ A principal diferença entre Ibope e Datafolha é a metodologia. Na maioria dos lugares, não dá diferença, mas a característica dos eleitores do Rio pode ter alguma influência. Os eleitores do Crivella têm um perfil menos escolarizado e estão mais em favelas, que subimos para pesquisar. Estamos fazendo tracking (acompanhamento diário), e o Crivella tem hoje entre 22% e 24% ¿ afirmou ela.
O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, sustenta, por sua vez, que a divergência entre os dois resultados reflete mudanças dos eleitores, que são sempre mais rápidas nas últimas semanas de campanha. Ele diz que o Datafolha foi às ruas pesquisar depois do Ibope:
¿ O trabalho de campo do Datafolha é mais novo (25 e 26 de setembro). Confirmamos uma tendência de crescimento do Gabeira e estabilidade de Crivella e Jandira. O Datafolha entrevista as pessoas, desde sua fundação, fora de suas residências. Hoje, no Rio, é impossível que se consiga entrar em favelas sem fazer acordo com tráfico, mas estamos em todos os bairros da cidade, e entrevistamos os eleitores perto de seus domicílios ou por onde circulam. Temos todos os controles para que a amostra seja balanceada.
Em sua newsletter, o prefeito do Rio, Cesar Maia, criticou ontem o resultado divulgado pelo Ibope, e disse que a diferença entre as pesquisas é injustificável: ¿Deve ter sido erro de digitação do Ibope estes 24% do Crivella. Devem ser 14%. Crivella ter 24% no Ibope e 18% no Datafolha, e Gabeira ter 15% num e 10% no outro, é algo que deixa mal a qualidade das pesquisas. A diferença entre os dois institutos não se justifica¿, reclamou o prefeito, cuja candidata, Solange Amaral (DEM), patina entre 3% no Ibope e 4% no Datafolha.