Título: Pedido de cassação nas mãos de Neto
Autor: Crusius,Caso Yeda
Fonte: Correio Braziliense, 06/03/2009, Política, p. 5

Presidente da Câmara determina ao corregedor que examine a representação feita por José Aníbal contra Luciana Genro. No ninho tucano, no entanto, houve críticas à medida adotada pelo líder do partido

-------------------------------------------------------------------------------- Tiago Pariz Da equipe do Correio José Varella/CB/D.A Press - 6/11/08 Caberá ao democrata decidir se abre ou não o processo

Simone Ventura/DP/D.A Press - 1/11/06 Bruno Araújo lembrou que a ¿imunidade parlamentar é inviolável¿ O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), encaminhou à Corregedoria representação do PSDB contra a deputada Luciana Genro (PSol-RS), que denunciou um suposto esquema de corrupção envolvendo a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius. O líder tucano, José Aníbal (SP), pede a cassação da parlamentar por abuso do mandato ao levantar acusações sem apresentar provas.

A Corregedoria recebeu ainda ontem a determinação de Temer e abrirá o processo. O corregedor Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) notificará a deputada gaúcha e dará cinco dias para ela apresentar sua defesa. Caberá a ele analisar se há fatos que justifiquem a abertura de processo disciplinar pelo Conselho de Ética. Se avaliar que a representação do PSDB não tem mote, poderá arquivá-la.

Dentro do PSDB, poucos acreditam que o processo contra Luciana seguirá adiante. Classificam a decisão de José Aníbal como um ato político em defesa da governadora. Com o ambiente ainda tenso por conta da disputa pela liderança, os tucanos também racharam na questão. Enquanto alguns elogiam, outros atacam. O único consenso é a defesa da governadora Yeda Crusius. Para os deputados ouvidos, as acusações da deputada não são consistentes.

¿A representação tem um caráter político, mas tenho dúvida se ela é o melhor instrumento porque a imunidade parlamentar é inviolável. Certo, errado, verdade ou mentira, as declarações da deputada estão protegidas pelo manto constitucional da imunidade¿, afirmou o vice-líder tucano, Bruno Araújo (PE).

Sem consulta Um deputado tucano, que pediu para não se identificar, disse que Aníbal sequer consultou a bancada para informar sua decisão a favor do pedido de cassação de Luciana Genro. Para esse parlamentar, a iniciativa da representação foi exacerbada. Já o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) defendeu o trabalho da governadora gaúcha, sobretudo no quesito fiscal, e atribuiu as denúncias do PSol à disputa da política local. ¿Mas a Luciana Genro tem todo o direito de fazer as denúncias e fazer seu papel de oposição¿, sustentou o parlamentar paranaense. ¿A cassação dela é impensável¿, defendeu Fruet.

Para o colega tucano, Roberto Rocha (PSDB-PA), José Aníbal acertou ao representar contra a deputada, sobretudo por ela ter feito as denúncias sem apresentar provas. ¿Ninguém pode fazer denúncias sem ter provas. Isso é abuso do mandato¿, defendeu Rocha. Luciana acusa a governadora gaúcha de utilizar dinheiro de caixa 2 na campanha eleitoral de 2006 e ter se apropriado de recursos desviados do Detran-RS.

Além de correligionários, Rocha, Araújo e Fruet participaram do lançamento do movimento pela moralização e transparência da política nesta semana ao lado de outros 23 parlamentares. O deputado Mendes Thames (PSDB-SP) e o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), que também participaram da iniciativa, apelidada de frente anticorrupção, não quiseram comentar a representação contra a parlamentar gaúcha.

-------------------------------------------------------------------------------- entenda o caso Caixa 2 na campanha

O PSol gaúcho denunciou no final do mês passado suposta prática de caixa 2 na campanha de Yeda Crusius em 2006 e envolvimento direto da governadora no escândalo de desvio de dinheiro no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). O partido alega que teve acesso a fitas de áudio e vídeo que comprovam as irregularidades. Quando fez a denúncia, Luciana disse que esse material havia sido encaminhado à Justiça Federal pelo ex-coordenador da campanha de Yeda ao governo, Lair Ferst. Ele é um dos réus na ação penal sobre o desvio de R$ 44 milhões no Detran e teria entregue o material como parte de acordo para delação premiada. A PF investigará as acusações.

A deputada Luciana Genro disse que o PSDB tenta cercear o exercício do mandato contra a corrupção. E aposta que a representação não irá adiante. ¿Se este processo tiver andamento, o que eu duvido, pois é uma clara tentativa de cerceamento do exercício de mandato parlamentar, me defenderei solicitando ao Conselho de Ética que requeira ao Ministério Público Federal as provas que lá estão e mostrarão que tudo o que denunciamos é a mais pura verdade¿, disse. (TP).