Título: Paulo Ramos, com 1% em pesquisas, inviabiliza debate do Rio na TV Globo
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Fonte: O Globo, 01/10/2008, O País, p. 4

Em São Paulo, três candidatos também impedem realização de programa

A TV Globo foi impedida de realizar debates, no primeiro turno, entre os candidatos a prefeito do Rio de Janeiro e de São Paulo. No caso do Rio, como a legislação obriga que sejam chamados todos os candidatos de partidos com representação na Câmara, haveria dez participantes no debate. Para a TV Globo, com mais de cinco candidatos, esses encontros não são proveitosos, como comprovam experiências anteriores. Por isso, a emissora propôs um acordo aos candidatos. Nove aceitaram. A exceção foi o candidato do PDT, Paulo Ramos.

O pedetista, que tem 1% de intenções de voto, tanto na última pesquisa do Datafolha como na do Ibope, se recusou a assinar o acordo, inviabilizando o debate no Rio. A emissora informou que realizará os debates caso haja segundo turno nas duas capitais.

"A TV Globo não promoverá, este ano, o debate de primeiro turno entre os candidatos a prefeito no Rio de Janeiro. A emissoras de rádio e TV, a lei eleitoral impõe restrições que limitam a liberdade de imprensa: obriga, por exemplo, que chamem para os debates todos os candidatos de partidos com representação na Câmara dos Deputados, mesmo aqueles que chegam ao fim da campanha com índices inexpressivos nas pesquisas eleitorais", diz a nota distribuída pela emissora.

Candidatos tiveram cobertura muito maior

Em São Paulo, dos oito candidatos com representação na Câmara, Ciro Moura (PTC), Ivan Valente (PSOL) e Renato Reichmann (PMN) não assinaram o acordo. Os três, assim como Paulo Ramos no Rio, no entanto, se beneficiaram da contrapartida da TV Globo para que abrissem mão da participação do debate: uma cobertura em seus telejornais muito maior do que aquela a que fariam jus inicialmente, se apenas critérios jornalísticos fossem levados em conta. Essa cobertura já foi ao ar.

"A TV Globo agiu assim constrangida pelas restrições à liberdade de imprensa presentes na lei eleitoral. A imprensa deve cobrir o que é notícia, de forma livre e espontânea: aqueles que, ao longo do processo, ganham densidade eleitoral são mais bem cobertos, crescem nas pesquisas e asseguram um lugar nos debates. É assim a dinâmica no mundo democrático. É como deveria ser aqui também", diz outro trecho da nota.

Emissora havia concordado com seis participantes no Rio

No Rio de Janeiro, o debate teria, inicialmente, a participação dos cinco candidatos mais bem posicionados nas pesquisas - posteriormente, para estimular a concordância de todos, a TV Globo cedeu e aumentou o número para seis. "A experiência comprova que debates com mais de cinco não são proveitosos: o tempo destinado à discussão de cada assunto se torna exíguo demais, e o debate acaba simplesmente não acontecendo. Como ele (Paulo Ramos) não assinou o acordo, a TV Globo está impedida de realizar o debate com um número razoável de participantes. Paulo Ramos teve 1% das intenções de voto nas últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha", lembra o comunicado da empresa.

"A TV Globo lamenta que estas restrições na lei eleitoral a impeçam de promover um evento que tem se mostrado valioso em eleições passadas - e espera que a sociedade e seus representantes, em Brasília, reflitam sobre a questão", completa a nota.

De acordo com a emissora, por razões semelhantes também não haverá debates em Curitiba e Fortaleza, e em São Luís ainda há dúvidas. Em São Paulo, o debate no segundo turno já está confirmado para a noite de 24 de outubro, último dia de campanha, depois da novela "A favorita".